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quarta-feira, dezembro 17, 2008

Novas funções do jornalista (e o dilema da formação)

Eis aqui alguns links colecionados nos últimos dias por este professor cada vez mais incomodado desafiado + surpreso (valeu o toque, Kelly e Alex) com os rumos do jornalismo e da formação deste profissional. (Links sem muitos comentários, pois o eminente recesso de fim de ano faz pesar de vez o cansaço acumulado e adiar para 2009 reflexões mais definitivas...)

Search editor.
Statistics editor.
Project editor.
Link editor.
Community editor.
Network editor/ conversation editor.
Tag editor.
Mashup editor.
Web quality editor.
Internet editor.
São dez tarefas emergentes no jornalismo online. Mais em Ten roles for journalists (via Ponto Media)

Su lugar de trabajo está donde haya conexión a Internet. Con un portátil, una cámara y un teléfono son autosuficientes
O jornalismo em mobilidade: Periodistas sin redacción (El Pais)

10 mudanças no papel dos jornalistas

1- Um jornalista tem que saber trabalhar para mais do que um meio. Tem que ser polivalente e conhecer diferentes linguagens.
2-Um jornalista é o seu próprio editor.
3-Um jornalista é uma marca.
4-Um jornalista tem que estar em rede.
5-Um jornalista é um produtor.
6-Um jornalista é um arqueólogo de informação.
7-Um jornalista é um moderador.
8-Um jornalista é um autenticador.
9-Um jornalista é mais polícia de trânsito do que investigador privado.
10-Um jornalista é um DJ.

(e 5 coisas que se mantém)

1-O jornalista é um profissional especializado na recolha, tratamento, criação e gestão de informação;
2-O jornalista trabalha para a sociedade;
3-O jornalista é curioso por natureza, e procura saber mais do que mostram;
4-O jornalista é o primeiro garante da liberdade de expressão e informação;
5-O jornalista é um alvo;

Detalhes no post de Alexandre Gamela em O Lago


The Aggregator-Sub
The Mobile Journalist (MoJo)
The Data Miner
The Multimedia Producer
The Networked Specialist
Community Editor

são algumas atividades mapeadas por Paul Bradshaw em Model for the 21st century newsroom pt.6: new journalists for new information flows

É indispensável convergir à escala empresarial e tecnológica antes de acontecer uma integração dos profissionais e dos conteúdos", defendeu Ramón Salaverría, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, Espanha, e subdirector do departamento de projectos jornalísticos da Universidade de Navarra, Espanha.
Repercussões do I Congresso Internacional de Ciberjornalismo em Ramón Salaverría: Ciberjornalismo era inevitável mas não pode cingir-se aos jornalistas (via @danibertocchi)

E agora? Você vai trabalhar onde? Vai pedir emprego pra quem? Aliás, o que é você mesmo? Publicitário? Relações Públicas? O quê?

Quer uma dica? Não peça emprego; crie oportunidades de trabalho. Esse é o jogo.

O bicho é feio? É feio. É bem feioso. Mas acredito piamente que com calma, muito esforço e competência você doma a fera cabeçuda e ainda sai bonito na foto.
O estudante de comunicação e o bicho que o espera (Zeca Martins, no Webinsider)

terça-feira, dezembro 09, 2008

Erros e acertos da agregação de conteúdo pela BBC

Lembra da discussão sobre agregação de conteúdo e jornalismo que propus aqui na semana passada?

Se gostou, recomendo (muito) a leitura do artigo Mumbai, Twitter and live update, do editor do site da BBC, Steve Herrmann.

Ele faz uma análise da cobertura em tempo real proposta pelo veículo, destacando os acertos e os erros do processo de incorporação de conteúdo gerados pelos usuários sob a chancela da BBC.

No cerne da questão, a apuração jornalística.

Não deixe de ler, inclusive pelo exemplo de humildade que um editor deveria sempre ter.

Outro post relacionado: Sobre a barriga do IReport: quem, afinal, vai fazer jornalismo?

Concurso Professor de Fotojornalismo / Produção Audiovisual

A Universidade Federal de Viçosa abriu concurso público para seleção de professor na área de Fotojornalismo/Produção Audiovisual.

Os candidatos a professor do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV devem ter graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Mestrado em Comunicação ou áreas afins e experiência acadêmica ou prática comprovada na área. Abaixo, o conteúdo programático previsto no edital.

As inscrições vão até 22 de janeiro.

O edital 86/2008 com mais informações pode ser obtido na página de concursos do site da UFV.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Linguagem Fotográfica; Técnicas de produção fotográfica; Edição de imagens digitais;
Fotojornalismo: história e conceitos; Fotojornalismo e jornalismo especializado; Ética e
fotojornalismo; Fotografia e vídeo: proximidades e especificidades; Introdução à teoria e
técnicas de vídeo; Documentários; Introdução à teoria e técnicas de rádio; Formatos e suportes
audiovisuais; Audiovisual e convergência de mídias.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Entre o jornalismo e a agregação de conteúdo

Qual a diferença entre as práticas jornalísticas e as interfaces de agregação de conteúdo (no modelo live streaming, por exemplo)?

Até que ponto a incorporação de ferramentas como o Cover it Live (ou mesmo a transmissão experimental do Roda Viva) podem esvaziar um discurso e projetos jornalísticos marcados por escolhas editoriais e pelo trabalho criterioso de edição de um profissional (ou não!) da área?

Provocado por alguns alunos céticos ou entusiastas demais, e também após um improvisado debate após a apresentação da Gabriela Zago na ABCiber, venho pensando nesta questão há algum tempo.

Uma boa situação de análise: a intensa publicação de conteúdos por usuários comuns nos momentos mais críticos da tragédia em Sta Catarina e dos atentados terrorista em Mumbai, na India.

O Tiago Doria registrou o AllesBlau (blog com notícias de Blumenau), Mahalo (página especial sobre os ataques na India) e o liveblogging de estudantes holandeses como exemplos de hubs de informação e curadoria de conteúdo (grifos dele).

Como registrei nos comentários lá, não sou contra a iniciativa de agregação de conteúdos externos e/ou colaborativos, em sites jornalísticos inclusive, mas acho que a mediação clássica do jornalista (o que é ou não notícia para um determinado veículo, por exemplo) não pode ser abafada por fluxos contínuos de informação. Mais do que credibilidade, me refiro a escolhas que um veículo TEM que fazer, principalmente numa era de excessos informacionais como a atual.

Segundo Doria, Ariel Gajardo, um dos criadores do AllesBlau, disse que no blog “não existem amarras editoriais”. A palavra amarras nos remete a censura, ocultamento etc. Se for assim, ok.

Mas entendi a palavra como um sinônimo de filtro, isto é, o blog não teria filtros editoriais. Isso pode ser um mérito, ou uma necessidade, para um veículo surgido numa situação de exceção com a de Sta Catarina, mas é um suicídio editorial em tempos normais.

O que diferencia um veículo e cativa o público é justamente seu filtro editorial, não?

Fazem coro a esta argumentação dois textos publicados recentemente: em Jornalismo é mais do 140 caracteres, Luis Weis, ao reividindicar o papel a ser cumprido pela mídia impressa nestas situações, a contrapõe aos microblogs e ferramentas afins:
Quanto mais esse tipo de recurso se propagar, levando a patamares inimagináveis há poucos anos o fluxo e a amplitude da informação tópica, pontual – de varejo, em suma, por importante que seja para os interessados – mais a imprensa terá de oferecer o que está além do alcance dos Twitters deste mundo: a informação no atacado.
Em entrevista ao site Hipercritico.com (e linkada pelo GJOL), Rosenthal Calmon Alves disse uma frase que sintetiza esta discussão (em negrito):
yo soy muy optimista en relación a la importancia que el periodismo va a tener en el futuro, porque cuando todo el mundo habla, nadie habla. La voz del periodista profesional, al lado de la voz del periodista no profesional, va a tener una importancia central que va a iluminar el camino de la información.

Quer mais? Dê uma olhada nos comentários da instigante pergunta do blog TwiTip: Twitizen Journalism: Can Twitter Be a Real News Platform?

Meio off-topic: Registrei no Twitter, mas vale citar de novo a iniciativa do jornal Diário do Litoral que, impedido de circular por causa das enchentes, criou logo um blog e um canal no Twitter e manteve-se na ativa. E sem perder o bom humor, uma característica do Diarinho, dizem os leitores habituais. Não foi nenhuma iniciativa inédita, sabemos, mas louvável.

sexta-feira, novembro 28, 2008

SearchWiki: um algoritmo personalizado ou ainda mais coletivo?

Sob o slogan "Make search your own" (algo como faça sua própria busca), o Google lançou no dia 20/11 um novo recurso agregado ao serviço de busca: a possibilidade de alteração dos resultados por usuários logados, alterando a posição dos sites no ranking e/ou registrando comentários (explicações no vídeo abaixo).




Em primeiro lugar, não se pode deixar de registrar a semelhança do nome e proposta com o projeto Wikia Search, lançado no início de 2008 e logo alardeado como concorrente do Google. Na recente visita ao Brasil, Jimmy Wales negou esta intenção ou capacidade ("Wikia Search tem participação zero de mercado"), ainda que potencialmente conte com o ativo exército de wikipedistas mundo afora.

O fato é o gigante das buscas se movimentou e alterou as regras, mesmo ainda que o impacto venha a longo prazo, de seu bem mais precioso: o PageRank, seja no resultado personalizado ou coletivo.

A modificação no posicionamento fica restrita ao dono da conta, mas não é difícil imaginar que o Google tem agora novos e preciosos dados para aperfeiçoar seu algoritmo de busca. Os comentários, por padrão, são compartilhadas.

Cá com meus botões tento a acreditar numa irrelevância do uso individual do recurso. Será que as pessoas fazem repetidamente as mesmas buscas a ponto de valer a pena rehierarquizar os registros? Tendo a achar que não, a não ser que a interferência na busca por um termo influencie nas buscas por palavras afins - algo nada improvável.

No uso compartilhado, as possibilidades são imensas. O acesso aos comentários de outros usuários (e o voto na sua relevância ou não das interferências) pode significar um ganho qualitativo significativo para a confiabilidade atribuída ao resultado. Como bem resumiu um site, podemos estar diante do Digg do Google.

Merecem ainda destaque a discussão sobre mais um passo rumo ao mapeamento (evito falar de invasão) da privacidade, embora seja possível desabilitar o serviço, e os impactos sobre as estratégias de SEO e mesmo sobre a noção de relevância na web.

domingo, novembro 16, 2008

Orçamento Participativo Digital - alguns comentários

Ainda está acontecendo o pleito pela nova ocupação do mercado distrital de Sta Tereza, mas os eleitores sediados em Belo Horizonte já podem participar de mais uma votação via internet: o Orçamento Participativo Digital, promovido pela segunda vez pela PBH.

Em 2006, votou-se em uma obra de cada regional. Este ano, só uma obra será selecionada. O foco foi alterado para obras viárias, que melhoram a circulação pela cidade, que piorou muito nos últimos anos. O valor estimado das obras é de R$ 32 a 46 milhões.

Alguns comentários:

- tenho dúvidas quanto à adequação de uma votação popular para decidir a realização de obras tão estruturais quantos as concorrentes deste ano. Intervenções desta proporção devem ser parte de um planejamento cuidadoso da prefeitura, não?

- Dos 10.452 votos computados até este momento, 45,74% são pela realização da obra 4, que é uma intervenção na ligação do bairro Belvedere, uma das regiões mais nobres da cidade, com a cidade de Nova Lima. Sem dúvidas é uma área crítica do trânsito de BH, mas parece-me impossível dizer que é a mais importante. Certamente o fator inclusão digital está pesando decisivamente , e deve decidir numa escolha que, repito, devia ser da PBH.

- A votação pela nova ocupação do Mercado de Santa Tereza está sob suspeita: foi identificado um voto em nome do ex-prefeito Célio de Castro, que faleceu em julho deste ano. Ainda não há uma decisão oficial da prefeitura.

Atualização em 27/11 - Votar por outras pessoas e fraudar o sistema parece mais fácil que usar títulos de "mortos": a Raquel Camargo explica porque (e como).

Na primeira edição, o OP Digital registrou 503.266 votos. A meta (não divulgada) certamente é bater este índice. A votação vai até 08 de dezembro e acontece também via telefone: 0800 723 22 01.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Artigo Retextualização "em tempo real" na Wikipédia

Foram publicados os anais do 2º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação, que aconteceu no mês de setembro, em Recife.

Lá está um artigo meu: Retextualização "em tempo real" na Wikipédia: a edição coletiva dos artigos sobre o vôo TAM 3054.

Trata-se um 'lado B' (sem qualquer hierarquia) do artigo que apresentei no Intercom uma semana antes, que focava as discussões em conceitos da Comunicação e áreas afins. No artigo do Hipertexto leio o mesmo conjunto de dados numa abordagem da Linguística, área em que venho concentrando meus estudos desde que iniciei o doutorado no PosLin. É uma reflexão ainda incipiente, mas promissora.

O Hipertexto é organizado pelo Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (NEHTE) e pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2009, o evento acontece no CEFET-MG, e contará com minha participação direta.

Darei notícias por aqui.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Links no início da semana

Estão aí algumas páginas interessantes que visitei nos últimos dias. Muitas chegaram via Twitter, e acabei não anotando quem repassou. Estarei atento nos próximas vezes.

Wikipedia and the Meaning of Truth - matéria da Technology Review faz uma discussão bem interessante o conceito de verdade na Wikpédia. Verificabilidade é a palavra de ordem, ainda que cause algumas distorções.

Por tabela, descobri um estudo sob vandalismos nas páginas sobre senadores estadunidenses. Em média, seis minutos foi o tempo que o erro esteve publicado, mas alguns permaneceram por dias. Diga-se logo: é um daqueles estudos que pretendem desqualificar a Wikipédia, mas traz dados relevantes.

Twitter, Flickr, Facebook Make Blogs Look So 2004
- matéria da Wired deveria ser lida por todos os "gerentes de marketing" que andam pensando em inovar com um "blog corporativo".

O Andre Deak se meteu num discussão complicada: qual a diferença entre JORNALISMO MULTIMÍDIA, ONLINE, 2.0, JORNALISMO DIGITAL ETC?

Tecnobrega - o Pará reinventando o negócio da música - baixe logo o livro do Ronaldo Lemos e Oona Castro.

Organizações aderem ao "jornalismo de links"
- Matéria do Observatório da Imprensa chamou me atenção para este conceito. Espero voltar ao tema.

Artigo do "Guardian" discute como os jornais lidam com pedidos de apagamento de declarações em seus arquivos (via Novo em Folha).

S.O.B.R.E.T.U.D.O » EMPRESAS e empresas - surpreendente a ação de relacionamento da Net a partir de uma reclamação do Twitter!

Com certo atraso, vale ainda registrar as explicações de Diego Cox sobre a concepção e implementação do projeto amazônia.vc.

terça-feira, outubro 21, 2008

Eleição via internet decide ocupação do Mercado Distrital de Santa Tereza

O destino do Mercado Distrital de Santa Tereza, espaço privilegiado em um dos mais tradicionais bairros de BH, será decidido via internet.

Entre 3 de novembro e 5 de dezembro, todos os eleitores baseados na capital poderão votar nos três projetos culturais apresentados:

- Centro de artes cênicas, com espaço para teatro de bonecos, de rua e circo. Proposta dos grupos Galpão, Giramundo e pela Agentz Produções.

- Mercado Mineiro de Santa Tereza, com manutenção dos atuais feirantes e bares, promoção de eventos e uma incubadora de empresas de artes e espetáculos. Proposta da Associação dos Moradores do Bairro.

- Centro de artes, cultura e tecnologias socioambientais, com auditórios e espaço para programas sociais. Proposta do Tambor Mineiro, Mundo Mico Coletivo de Artistas, Instituto de Ensino Tecnológico (Ietec) e Lume Estratégia Ambiental.

Mais informações em matéria do Estado de Minas.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Curso online sobre TV Digital

TV Digital Terrestre: desafios e reconfiguração da televisão brasileira é o curso que a Unisinos, através do CEPOS – Grupo de Pesquisa “Comunicação, Economia Política e Sociedade", oferece 24 de outubro a 21 de novembro em formato EAD, através da plataforma Moodle.

Pela programação (abaixo), parece muito interessante.
Por falta de tempo, não farei, mas recomendo (e espero notícias...).
Atenção: o curso não é gratuito, como disse antes, custa R$350, um investimento razoável para quem tiver interesse no tema.

Inscrições e mais informações, aqui.

Programa:
- Tecnologia e padrões digitais.
- Estratégias televisivas na era digital.
- Convergência tecnológica e empresarial.
- Desafios e concorrência entre emissoras.
- Comunicação e esfera pública.
- Multiprogramação e produção de conteúdos locais.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Links no fim da semana

Estão aí algumas das páginas bacanas que visitei esta semana.
(Quem sabe este tipo de post não vira um hábito?)

- 10 reasons why newspapers won't reinvent news

- Compra online do livro Cultura da Convergência, de Henry Jenkins, recém-lançado pela editora Aleph.

- Rogério Christofoletti faz um belo post sobre a (tão chata quanto necessária) discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para jornalistas.

- RIP: Remix Manifesto, um documentário sobre a cultura do remix.

- UOL de home nova - detalhes num infográfico (que está mais pra slideshow, mas deixa pra lá).

- TimeRime, uma site para criar linhas do tempo (vi no recém-descoberto blog da Miriam Salles).

terça-feira, outubro 14, 2008

Diferença entre blogs e wikis: ferramenta ou propostas?

À primeira vista a resposta para a questão acima parece simples.

Um blog é uma ferramenta que pertence a um ou mais autores, responsáveis pela publicação dos posts cujo conteúdo pode ser complementado por comentários de visitantes ou expandido por links repercutindo o tema.

Um wiki, por outro lado, baseia-se na redação coletiva de um texto, e ainda que seja um espaço de interações, exige que tente-se chegar a um consenso sobre o tema em questão, já que não faz sentido manter duas ou mais páginas sobre o mesmo (é por isso que o Knol, por exemplo, pouco tem a ver com a Wikipédia).

Dois posts que li recentemente nos ajudam a questionar o "determinismo tecnológico" que norteia os conceitos acima:

O GooseGrade, apresentado pelo Tiago Dória, é um widget que, mediante cadastro, qualquer pessoa possa editar os posts de seu blog. O foco são "pequenos" erros factuais, gramaticais ou de digitação, avisados ao autor via e-mail para aprovação ou não. Podemos pensar num uso mais amplo e intenso, o que, como o próprio Tiago observou, aproximaria o blog de um wiki. (O recurso já pode ser acessado à esquerda deste blog - fique à vontade para propor edições!)

No Online journalism Blog, Paul Bradshaw contou a experiência do jornal britânico Trinity Mirror, que lançou um wiki (wikinortheast.co.uk) para "cobrir todos os aspectos" da região de North-East (ou seja, um projeto hiperlocal). Mas, na visão de Bradshaw, há um problema: "é muito difícil encontrar algo para editar". Vários textos estão "prontos", sendo que alguns, retirados dos arquivos do jornal, simplesmente não podem ser alterados. Resta ao usuário adicionar, e não editar o conteúdo. Resultado: "um híbrido wiki-blog".

Voltando à questão inicial: até que ponto a ferramenta (pura e simplesmente) condiciona o funcionamento de um projeto na web? Abrir ou fechar, restingir ou liberar parecem-me cada vez menos associados às condições tecnológicas e sim às propostas comunicacionais.

Concorda?

segunda-feira, outubro 13, 2008

Wiki sobre a web2.0 brazuca. Participe!

Louvável iniciativa do Juliano Spyer: um wiki para compilarmos as iniciativas e pessoas ligadas à web 2.0 no Brasil. Como ele afirmou, "é difícil colaborar se a gente não se conhece".

Só se cadastrar no Pbwiki e editar. Já dei os primeiros pitacos por lá.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Sobre a barriga do IReport: quem, afinal, vai fazer jornalismo?

Desde que o Caio me mandou o link, estou aqui matutando sobre a "barriga" que o site colaborativo IReport e, por tabela, a CNN tomaram com a divulgação de um suposto infarto sofrido por Steve Jobs na última sexta.

Para quem não se lembra o IReport é um site auto-denominado jornalístico que permite a publicação de um conteúdo sem aprovação prévia pela CNN, sua proprietária. Veja a tradução do "manifesto" bancado pela emissora no post CNN: fim da mediação jornalística? (leia também os comentários, abundantes graças à repercussão da Ana Brambilla).

A informação foi publicada pelo usuário Johntw (já eliminado do site), em sua primeira participação. Ficou apenas 20 minutos no ar, o suficiente para espalhar via blogs e microblogs uma onda especulativa - o blog Silicon Alley Insider faz uma interessante retrospectiva do processo viral, que repercutiu inclusive no valor das ações da Apple.

Este mesmo blog, aliás, foi um dos que repassou a informação equivocada e, num outro post, justificou a decisão de repassar a informação sem confirmá-la. Um trecho interessante:
We knew that our readers would want to know about the story and evaluate it for themselves. So we did what we did what we usually do in such cases: We published a post describing the iReport story and noted that, true or false, this was a big moment for citizen journalism.
A informação foi alterada quando uma fonta da Apple desmetiu o fato. Deveria o blog ter tirado esperado a confirmação do fato antes de publicá-lo? Eles mesmos respondem e se defendem:

Most of our readers were grateful that we drew their attention to the iReport story and very grateful when we reported that the story was false. A small, vocal minority, however--including some members of the mainstream media--believe we should have waited to comment on the iReport story until we had heard back from Apple.

We respectfully disagree.

(...)

Sometimes this information is fact. Sometimes it is rumor or scuttlebutt. Sometimes it is speculation. Always it is information that we believe is credible or interesting enough to bring to our readers' attention.

Quer dizer: na avaliação dos editores do blog Silicon Alley Insider (e de tantos outros que repercutiram o fato), rumor e especulação também são informações.

Isso para o jornalismo é grave.

Pergunto:

onde estão os profissionais?

Se todos querem agir como usuários comuns (com os do IReport), quem vai mediar as relações informacionais?

Como alguém pode afirmar que o "jornalismo cidadão" falhou (como disse Publishing 2.0) em seu "primeiro teste significativo" se eles mesmos não fizeram jornalismo, pelo com rigor mínimo que ainda diferencia esta prática de outros modelos de produção de conteúdo?

Outra pergunta levantada: o fato arranha a imagem e a credibilidade da CNN?

Para Sarah Perez, do ReadWriteWeb, e Tiago Doria, sim.

Acho que a CNN valhou ao rotular seu site como jornalismo colaborativo.

É um site de conteúdo gerado pelo usuário (UGC), onde as falhas são normais e esperadas.

Esta é, aliás, a reflexão do artigo The Problem with Citizen Journalism, do Poynter Online (via Fábio Malini).

Estranha-me, repito, a viralização irresponsável do relato por profissionais e a condenação das práticas colaborativas.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Fim do editor? (ou do diagramador???)

Estou aqui intrigado, estarrecido até a partir do post Nova rotina de produção jornalística pode acabar com a função de Editor, publicado no blog do GJOL.

Segundo o relato de Marcos Palacios (o link original está quebrado), a rede de jornais Express vai implementar uma rotina de automatização no fechamento dos jornais impressos (diagramação por templates, por exemplo) que implicará na demissão de 80 editores do Daily Express e Sunday Express, entre outras publicações britânicas.

Atualização em 03/10 - a matéria do Guardian está aqui - obrigado, Thiago. Vale então uma tradução do trecho do documento "Mudando a maneira de trabalhar", direcionado aos jornalistas do grupo:
Estamos propondo uma pulicação direta das matérias no sistema pelos repórteres. As páginas seriam concebidas pelo backbench(?) e desenhada pelos designers, como hoje. Os reporteres teriam uma "fôrma" para os textos, com as fontes e estilos pré-definidos, e encaixariam o material neste modelo.

Finalizado, os repórteres e redatores checariam o formato usado, o texto seria editado pelo pelo "newsdesk" e uma equipe de revisores/editores escreveriam as manchetes e fariam as mudanças necessárias. Os advogados do turno da noite (!) checariam as histórias, como já fazem hoje.
Agora está parecendo que estão esvaziando mesmo é a função do diagramador!)

Bem, se esta for uma tendência, só posso dizer que não estou entendendo mais nada.

Se há algo que venho defendendo nos últimos anos, é que a função de editor ganhará fôlego na era da produção jornalística abundante (e mesmo redundante, via agência de notícias) e/ou colaborativa (edição compartilhada, em alguns casos).

Mesmo se for um programador de algoritmos editoriais (conceito que pretendo desenvolver em breve), como no Digg ou Overmundo, o jornalista continua sendo um mediador, ou editor.

Alguém concorda (ou discorda)?

terça-feira, setembro 30, 2008

ODisco, um site colaborativo para os indies de MG

Estrou no sábado, dia 27 de setembro, ODisco, novo site auto-denominado "o primeiro portal de jornalismo musical colaborativo de Minas Gerais".

Tem esquema básico dos sites colaborativos: o público pode enviar, comentar, votar etc - o material passa por três editores responsáveis pela filtragem do conteúdo. Ainda terá uma "coluna dedicada a grandes nomes ligados à produção nacional", como o jornalista Luiz Cesar Pimentel, que já se apresenta por lá.

Gostei da entrevista do João Donato e do design a la Overmundo, e senti falta de RSS, perfis editáveis dos colaboradores e mais informações da cena local.

Estou na torcida pelo projeto.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Police Act Review, ou wikis como ferramenta de e-gov

Estive hoje na palestra de Anthony Williams, o autor de Wikinomics, que esteve em BH a convite do Instituto de Governança Social, ligado ao governo do Estado.

O pesquisador falou sobre a relações entre redes sociais online e a participação popular, especialmente a partir de iniciativas de governo eletrônico, na linha do já badalado e-gov 2.0.

Me limitarei a registrar aqui a pergunta que fiz a mr. Williams. Pedi a ele exemplos de uso da ferramenta wiki a partir do qual tenha sido possível chegar a algum consenso, por exemplo resultando em algum encaminhamento de ordem legal.

Vejo aí um ponto chave dos wikis: a necessidade, ou ao menos a tentativa de se chegar a um consenso sobre determinado assunto, já que uma única página é produzida por inúmeras pessoas. Essa premissa os diferencia dos blogs e outras ferramentas da web2.0, que, embora permitam debates e trocas (através de links, comentários etc), são essencialmente autorais e não demandam uma conclusão, ainda que provisória. Esta característica, ao meu ver, torna os wikis uma ferramenta tão útopica e relevante quanto a própria democracia, e consequentemente fundamentais para governo na perspectiva colaborativa.

Entre os exemplos citados por ele, um me chamou a atenção: o Police Act Review.

Entre 2006 e 2007, a polícia da Nova Zelândia abriu um wiki para coletar sugestões de modernização das regras de conduta da corporação, cuja versão anterior datava de 1958.

Foram definidos oito temas (Principles, Governance and accountability, Employment arrangements, Community engagement , Powers and protections, Relationships, Administration e Conduct and integrity) que, a partir de perguntas propostas pela instituição, foram discutidos em média por seis meses, especialmente por grupos organizados. A discussão foi balizada por Princípios de Consulta e Participação e contou com 220 respostas de 132 diferentes participantes.

A consulta resultou no documento Policing Directions in New Zealand for the 21st Century e no novo Policing Act 2008, que entra em vigor no dia 01 de outubro.

Para os interessados, há um paper que registra o processo e seu condução: Perspectives on policing: An analysis of responses received on the Police Act Review Issues Papers.

É inevitável observar que os direcionamentos iniciais e a edição final organizada pela própria polícia diferenciam bastante a iniciativa da proposta de uma Wikipédia, por exemplo, o que não tira em nada o mérito do projeto.

Instigante mesmo seria ver uma instituição brasileira, ainda mais da área de segurança pública, propor algo semelhante...

quinta-feira, setembro 25, 2008

Cobertura colaborativa da chuva de granizo em BH

Há algumas semanas publiquei um post comentando a cobertura do portal UAI no incidente que culminou com o suicídio de um estudante na Faculdade de Letras da UFMG. Uma das críticas registradas foi a falta de integração entre o conteúdo enviado pela colaborado e o material produzido pela equipe do site.

É legal perceber um avanço algumas semanas depois. Na quarta, dia 17, uma forte chuva de granizo atingiu BH e região metropolitana e causou estragos de grandes proporções. Além de cenas ótimas, que nenhuma equipe jornalística conseguiria registrar.

Em pouco tempo começaram a chegar à redação e-mails com vídeos produzidos por usuários em diferentes locais da cidade (sim, o material chegava por e-mail, já que a seção colaborativa não está 100% implementada). Segundo a jornalista Valéria Mendes, editora repórter do site da TV Alterosa, "foram tantos (e-mails) que a redação parou por umas 2 horas, ninguém conseguia atualizar conteúdos". Ao todo, nem um terço do material recebido foi usado (decisão interessante não sobrecarregar o usuário com informações redundantes).

A cobertura rendeu:

- uma página foi editada e atualizada com informações apuradas pelo portal e ilustrada por vídeos selecionados. Esta página está linkada com
- outra página só com os vídeos filtrados, alguns deles os mesmos publicados na página acima.
- uma versão editada dos vídeos veiculada no Jornal da Alterosa 2ª Edição, no fim da tarde

Estou elogiando, mas também vou criticar : as galerias de imagens com fotos do acontecimento em Contagem e Betim , pelo modo como exibem os créditos, aparentam ter sido montadas com imagens da equipe do portal. Mas pela diversidade de fotógrafos e qualidade um tanto amadora de muitas fotos, tenho a nítida impressão que arquivos de usuários estão misturados aí.

segunda-feira, setembro 22, 2008

(BH) Autor de "Wikinomics" debate Redes Sociais e participação pública

O canadense Anthony Willian, autor do livro "Wikinomics - Como a Colaboração em Massa pode Mudar seu Negócio" é um dos convidados dos seminários que o Fórum de Estudos de Governança Social promove na próxima semana em BH.

Willian falará sobre “O papel das Redes Sociais como ferramenta da participação pública nos governos” no dia 29 de setembro, segunda. Outro convidado é o sociólogo italiano Domenico de Masi, que no dia 30/09 debate sobre “a Participação da Sociedade nos Governos e Controle Social”.

As palestras são gratuitas e inscrições podem ser feitas pelo telefone (31) 2535-0028 ou pelo e-mail forumdeestudos@cemais.org.br. Mais informações no site do Instituto de Governança Social.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Evidosol, um encontro via chat

Já participou de um evento acadêmico "totalmente em ambiente digital e sincrônico"?

Há dois anos "estive" no Congreso Online do Observatorio da Cibersociedade, mas as discussões aconteceram basicamente através de um fórum vinculado aos artigos.

Evento síncrono, com debates "ao vivo", ainda não. Mas já estou inscrito para III Encontro Virtual de Documentação em Software Livre – EvidoSol_3.0 2008, que acontece em novembro.

O tema inicial é um pouco restrito, mas há espaço para trabalhos sobre Jornalismo na Internet, Blogs e Wikis, Estudos de Hipertexto, Ensino na Internet, entre outros.

O prazo para submissão de resumos é 30 de setembro. Nos dias 19 e 21 de novembro, acontecem as discussões via chat. A integra das conversas ficará disponível posteriormente, como nos arquivos das duas edições anteriores.

A organização é do projeto Texto Livre, grupo de pesquisa da Faculdade de Letras da UFMG coordenado pela professora
Ana Cristina Fricke Matte.

Parece uma boa aposta frente ao tédio que tantas vezes predomina nos eventos presenciais.

segunda-feira, setembro 01, 2008

A caminho do Intercom em Natal

Na quarta-feira sigo para Natal, onde participo do 31º Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. O bom e velho Intercom, cada vez maior, mais confuso e, espero, mais interessante.

Na sexta à tarde apresento no NP Tecnologias da Informação e da Comunicação o artigo Wikipédia como espaço de interações e a redação coletiva de artigos sobre o vôo TAM 3054 (PDF). Trata-se de uma versão acadêmica e muito mais bem resolvida de um estudo de caso que comecei a desenvolver numa palestra em BH. A rigor, é um pré piloto das análises que pretendo desenvolver no doutorado.

Estarei na mesa Cooperação e Conflito no Ciberespaço, coordenada pelo Fábio Malini (UFES) e que contará ainda com os colegas e artigos abaixo.

Vários PDFs já estão salvos para leitura e espero comentá-los (numa atualização deste post ou em outro) em breve. De repente vou até animar de twittar por lá.

Já estou sentindo a brisa da capital potiguar...

Modelos de colaboração nos meios sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo
fabio malini(UFES)

Os conflitos na construção de inteligência coletiva no espaço virtual: auto-organização, relações hierárquicas e as tensões na Wikipédia
Aline de Campos(UFRGS)

Wikipédia como espaço de interações e a redação coletiva de artigos sobre o vôo TAM 3054
Carlos Frederico de Brito d'Andréa(UNA) UFV

Produção colaborativa na rede: um olhar sócio-cultural
Filipe Barros Beltrão(UFPE)

Estratégias de persuasão nos meios digitais: construindo um caminho de problematização (a partir da perspectiva da violência simbólica)
César Steffen(UCS)

Conflitos ambientais no Rio Madeira
Claudio Luis de Camargo Penteado(UFABC)

sábado, agosto 23, 2008

Incidente na Fale/UFMG: jornalismo tradicional X colaborativo

O fato: por volta das 20h do dia 20 de agosto, um estudante entrou na Faculdade de Letras da UFMG e pediu para conversar a sós com uma professora do curso de extensão e aluna de mestrado, pela qual estaria apaixonado. Disparou dois tiros supostamente contra a professora e um contra a própria cabeça. Foi levado em estado gravíssimo para o hospital, onde faleceu.

A cobertura: poucas informações foram publicadas nos portais sediados em BH na noite do incidente. No portal UAI, uma nota muito simples publicada no fim da noite de quinta foi a matéria principal pelo menos até as 12h do dia seguinte (veja a reprodução em outro site, já que foi impossível localizá-la no site original).

O grande destaque do portal nas primeiras horas foi um relato publicado no projeto colaborativo Eu Não Tenho Nome, pela estudante de Letras de UFMG (e jornalismo na PUC-MG) Flávia Denise. A aluna (que mantém um interessante blog sobre livros) nos explicou o processo de apuração e redação da sua contribuição cidadã para o site, num relato que, acredito, é revelador das práticas colaborativos nos portais brasileiros.

Editei minimamente o e-mail gentilmente enviado por ela e, após, aponto algumas questões que me chamaram a atenção.
Eu estava na aula na FALE (Faculdade de Letras) quando desci para o intervalo com um amigo, que dá aula de alemão pelo Cenex, quando vi que tinha carros de polícia e ambulância na frente do prédio. Nós fomos descobrir o que tinha acontecido e perguntamos para o porteiro, que estava muito abalado e só soube dizer que eu ex-aluno tinha tentado suicídio.

Isso apenas nos deixou mais curiosos.. Ele brincou que como estudante de jornalismo eu deveria tentar descobrir tudo e fomos até o carro da polícia ver se alguém falava conosco. No caminho ele encontrou outra amiga, também professora pelo cenex, que estava em prantos. Perguntamos o que tinha acontecido e ele contou que estava dentro da sala quando tudo aconteceu. Conversamos com ela e quando ela foi embora, esse meu amigo disse que ele tem um escaninho na sala do cenex e perguntou se eu queria tentar entrar e ver o que tinha acontecido. Eu topei e nós fomos.

Chegando no quarto andar conversamos com os políciais e ficamos sabendo que nem mesmo os estagiário que tinham deixado até mesmo suas carteiras nos escaninhos não poderiam pegá-las. Eles haviam isolado parte do corredor e perto do cordão de isolamento havia um grupo de estagiário do cenex conversando sobre a Polyana, o João e tudo que tinha acontecido. Meu amigo já tinha me contado que João persegui a a moça, mas com eles eu consegui uma comprovação. Todos contavam casos de momentos em que a perseguição de João havia passado dos limites. Até esse momento não pensava em escrever nada sobre o ocorrido, sou estudante e não posso escrever para nenhum veículo, só pensei nisso depois, quando tudo acabou.

Um desses estagiários estava dando aula na sala ao lado e contou sobre o que ouviu. Ele acabou entrando na minha materinha. Quando eu percebi que nenhuma informação diferente iria sair dali, tirei algumas fotos com meu celular e fui para casa.

Quando cheguei em casa liguei para o meu namorado que é jornalista do eu não tenho nome. Ele está trabalhando a noite para cobrir as olimpíadas essas semanas então estava lá na redação. Contei o que aconteceu e falei que eu ia escrever algo sobre isso e postar no site. Ele concordou e disse que era uma boa ideia. Nesse momento o uai já tinha uma pequena nota sobre o ocorrido, mas estava superficial, cheia de informações erradas.. Escrevi e postei a matéria e o João colocou um link dela na página da matéria oficial. O que escrevi não foi editado, mas quando saiu o nome completo dos envolvidos eu pedi que o João Renato colocasse na minha matéria. Outra mudança foi que eu coloquei que o atirador era paraplégico logo no começo da matéria, ele sugeriu que entrasse depois. Eu mesma fiz essa mudança.


Algumas questões
: o que mais me chamou a atenção foi a pequena (ou nenhuma) interação entre o texto produzido pela colaboradora e pela redação do portal. Durante horas os dois textos permaneceram linkados, mas as informações apuradas pela estudante não foram acrescidas ao material da redação.


Uma contradição inclusive confundia os leitores: a mulher atacada era professora ou aluna? Era aluna e professora, descobri agora no relato da Flávia.

Falta de confirmação dos dados não pode ser uma desculpa, já que, repito, os textos estavam linkados (o link, sabemos, a maior prova de reputação da web).

O jornalismo tradicional e colaborativo devem ser pensados de forma complementar, não?

E outros portais locais, como cobriram o fato? O portal d'O Tempo manteve durante horas uma nota tão incompleta que, como afirmou o Bernardo, é digna de registro em aulas de JOL.

O Hoje em Dia, de site novo, nada noticiou.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Twitadas requentadas, principalmente para #BH

Este blog não morreu, mas está abandonado durante processo de adaptação do autor à nova cidade, novo trabalho, viagens, conexão ainda precária à internet (apesar da banda larga surpreendente da UFV).

O Twitter tem uma parcela de culpa. Várias links sobre os quais gostaria de comentar aqui acabam sendo despachados por lá mesmo, e um post mais detalhado fica adiado pra nunca mais.

Para que não me segue (http://twitter.com/carlosdand) e para dar as caras por aqui, requento algumas dicas interessantes:

Inscrições abertas para o ArteMov, que acontece em novembro em #BH: http://www.artemov.net/. Não por acaso, foco em mídias locativas.

sexta-feira, julho 25, 2008

Knol e a "colaboração moderada"

Anunciado desde o fim de 2007 com a resposta do Google à Wikipédia, o Knol (uma corruptela de knowledgement) foi oficialmente aberto ao público nesta semana (dia 23 de julho).

São muitas as diferenças em relação à "enciclopédia livre e aberta".

Como o blog oficial do Google coloca, a autoria é a chave do novo projeto. Se na Wikipedia a autoria não é explicitada nos artigos (o que não significa que as contribuições sejam anônimas), no Knol os autores são estimulados a se identificar e associar diretamente seus dados aos textos produzidos, inclusive incluindo fotos e links para páginas pessoais.

Não há intenção de produzir um texto consensual sobre cada tema. Os autores são orientados a escrever artigos opinativos e individuais sobre cada tema. Um novo interessado no assunto pode, além de comentar, escrever seu próprio texto como resposta ao anterior. Não há sequer um modelo de texto a ser seguido, ao contrário da Wikipédia, que tem um rígido livro de estilo a ser seguido.

A partir de conceito de "colaboração moderada", o autor de um texto é, por padrão, o único a alterá-lo. Se quiser, pode convidar por e-mail "revisores" para o texto, inclusive antes de torná-lo público.

Os direitos autorais recomendados pelo projeto seguem o padrão Creative Commons, mas é possível alterar para o bom e velho "Todos direitos reservados".

É possível habilitar anúncios do Adsense relacionados ao artigo publicado.

Por ora, está disponível apenas para artigos em inglês.

Análise:

Simplesmente comparar o Knol com a Wikipédia parece-me redutor. Esta propõe-se a ser uma enciclopédia que, ao seu modus operandis, procura gerar um consenso, ainda que provisório, sobre determinado tema.

O Knol é uma mistura de fórum (como o próprio site diz) e revista de forte tendência acadêmica, a julgar pelos primeiros artigos publicados e destacados. Aliás, segue a lógica das revistas ciêntíficas tradicionais, fortemente baseadas nas revisões dos pares e no respeito à autoria. Ao agregar recursos de mídia social (a Gabriela Zago observou bem este aspecto), pode-se dinamizar uma área ainda pouco afetada pela web 2.0.

Alguns problemas já foram detectados e destaco o fato dos artigos não estarem categorizados, o que dificulta bastante a navegação. Fora a busca e os destaques da home, a solução é consultar uma lista absurda de links em ordem alfabética.

E permanece a polêmica: as páginas do Knol têm um peso maior no ranking de buscas do Google? Um dia depois do lançamento do projeto, um terço dos artigos em destaque já estava no top 10 das buscas. Outro exemplo foi relatado pelo próprio autor de um texto sobre a língua russa.

Posts relacionados: Por que torço pela Wikipédia? e Hierarquia e Cauda Longa na Wikipédia

quarta-feira, julho 23, 2008

Jornais são cada vez mais locais, diz pesquisa

Após entrevistar 259 executivos de jornais norte-americanos de diferentes portes, pesquisa recém-lançada do Pew Research Center caracteriza assim os jornais de 2008:

- têm menos páginas do que há três anos, o estoque de papel é menor e as histórias estão mais curtas.
- Publica-se menos matérias nacionais e internacionais, há menos espaço dedicado à ciência, às artes e outros temas especializados.
- A cobertura de negócios ganhou espaço próprio no jornal.
- As palavras-cruzadas encolheram, as listas de TV e dados sobre estoque de empresas (stock tables) foram excluídos.
- Cobertura local cresceu e a reportagem investigativa continua sendo valorizada.

A tabela abaixo deixa clara a tendência do aumento de notícias de caráter comunitário e local, associada à queda de informações de agências de notícias:



Em sua análise, Marshall Kirkpatrick, do ReadWriteWeb, associa a novidade ao potencial crescimento de anunciantes locais e realização de eventos pelas publicações:
While that makes sense, we wonder whether the rise of location-aware computing devices could lead to a shift in even local advertisers and be the last nail in the coffin after Craigslist. There may be other ways for even local news to be monetized, though. How many online news organizations make their biggest money from events?
Ao relacionar com a realidade brasileira, Carlos Castillo aponta uma contradição com uma tendência também identificada na pesquisa: a diminuição das redações.
A ênfase dada ao noticiário local revela um esforço da imprensa em recuperar a confiança do leitor por meio da oferta de informações sobre sua cidade, seu bairro e sua rua. O problema é que este tipo de cobertura jornalística exige um grande número de repórteres dispersos em áreas bastante extensas, o que entra em conflito com as políticas de redução de gastos e de pessoal, adotadas por todos os veículos de comunicação, em intensidade variável.
Sobre a tendência do local, vale a leitura do post do Tiago Dória sobre projetos que unem ainda dispositivos móveis e geolocalização.

Post relacionado: Esboços sobre hiperlocalismo

segunda-feira, julho 21, 2008

Ranking "social" do IMDB: Batman já é o melhor filme

O IMDB é minha grande referência ao pesquisar qualquer dado sobre cinema.

Por usá-lo para apenas para consultas (como faço com o AllMusic Guide, por exemplo), só hoje descobri, via Chá Quente, que o site tem um ranking elaborado a partir dos votos dos usuários e, pasmem, o novo filme do Batman já seria o melhor de todos os tempos!!



A fórmula usada para hierarquizar os filmes, baseada na "true Bayesian estimate", é esta:

weighted rating (WR) = (v ÷ (v+m)) × R + (m ÷ (v+m)) × C

where:
R = average for the movie (mean) = (Rating)
v = number of votes for the movie = (votes)
m = minimum votes required to be listed in the Top 250 (currently 1300)
C = the mean vote across the whole report (currently 6.7) for the Top 250, only votes from regular voters are considered.

Isto é, considera a média dos votos de um filme, um número mínimo de votos para figurar o top 250, a média de todos os votos dos usuários regulares e, principalmente, o número de votos para o tal filme.

O peso desta última variável torna a liderança de The Dark Knight ainda mais surpreendente, pois recebeu apenas 69.135 votos, contra 289.984 de O Poderoso Chefão, atual vice.

Atualização em 25/07: pela fórmula disponível no site do IMDB, o número de votos tende a diminuir, e não aumentar a nota final de um filme. Nossa confusão deve-se a uma leitura de algumas explicações mais gerais sobre a fórmula. Valeu o toque, Thiago. Ainda sobre o tema, vale a leitura do post A Closer Look at Online Rankings.

Buzz?
Distorções da mídia social?
Clássico instantâneo?

Enquanto não vi o filme, posso apenas desconfiar de uma lista que tem Um Sonho de Liberdade em terceiro lugar...

Atualização em 25/07: Tá, o filme é bacana, mas está longe de merecer esta posição...

Post relacionado: Digg altera "algoritimo editorial"

Cartoon: Nacionalismo e hierarquia na Wikipédia

Via ReadWriteWeb.

Espero em breve retomar posts sobre wiki.

quinta-feira, julho 17, 2008

Definições de jornalismo cidadão

Jay Rosen, professor da NYU, propôs uma definição para jornalismo cidadão:
“When the people formerly known as the audience employ the press tools they have in their possession to inform one another, that’s citizen journalism.”
Em português,
“Quando as pessoas anteriormente conhecidas como público usam as ferramentas de imprensa que possuem para se informarem umas às outras, isso é jornalismo do cidadão.” (Tradução de Alexandre Gamela)
O mais bacana é o desdobramento do conceito, proposto inicialmente via Twitter, por outras pessoas. Vale a pena acompanhar.

Vi a dica no Ponto Media.

quarta-feira, julho 16, 2008

(Ainda) o projeto do Azeredo e o escândalo dos banners do Senado

Passei os últimos quatro dias completamente off-line (mini-férias com direito à pescaria de um belo dourado de 8,5kg!) e, de volta, tento recompor as discussões em torno do projeto de lei que criminaliza o uso da internet.

Atualizei a relação de links sobre o tema publicada na semana passada e, dentro do possível (estou de mudança nos próximos dias), volto a fazê-lo em breve. Dois destaques: o vídeo Orgasmo Produzido e o artigo Como azedar a proposta da Lei Azeredo discutem os riscos da criminalização excessiva de comportamentos sociais, o que me parece uma das discussões mais relevantes em torno deste projeto. O artigo Internet brasileira precisa de marco regulatório civil, não criminal, publicado pelo Ronaldo Lemos em maio de 2007, também discute esta perspectiva.

O que me chocou nas leituras recentes, no entanto, foi a denúncia do Contraditorium: o Senado Federal paga R$48 mil por mês para exibir um banner no site www.paraiba.com.br.

Tão grave quanto o contrato com este valor absurdo é a alteração de informações na página do Senado (o contrato seria anual, e não mensal...) após a denúncia e suas repercussões.

Além do Contraditorium, recomendo uma leitura da síntese do Global Voices em português.

Essas e outras nos ajudam a entender porque tanta gente séria apoia a extinção do Senado no Brasil.

quinta-feira, julho 10, 2008

Links sobre o projeto de lei sobre crimes na internet

Aderi de imediato às manifestaçoes que circularam na internet contra o projeto de lei que regulamenta o uso da internet no país, mas confesso que, como da outra vez, imaginei que o projeto rapidamente cairia no esquecimento após ser metralhado pela esfera pública virtual.

Não: foi aprovado pelo Senado na madrugada do dia 10 e vai para a Câmara dos Deputados em caráter de urgência, com previsão de votação já em agosto.

A hora é de mobilização, então por ora tento organizar aqui uma série de links que podem nos ajudar a entender o que está em jogo. Dei preferência a fontes primárias e analíticas mais recentes e, dentro do possível, pretendo atualizar a lista nos próximos dias - novidades em negrito.

(Atualizado às 10h de 21/07/08)

- Versão atualizada do Projeto de Lei da Câmara nº 89 de 2003 aprovado em Plenário dia 09 de julho de 2008

- Íntegra do Projeto de Lei da Câmara nº 89, de 2003, e Projetos de Lei do Senado nº 137, de 2000, e nº 76, de 2000 (arquivo rtf).

- Entenda o projeto de lei dos crimes cometidos por meio de computadores - em matéria da Agência Senado, o senador Aloisio Mercadante os pontos polêmicos do projeto

Manifestações:

- 82 posts do dia da Blogagem Política, muitos deles discutindo a Lei Azeredo.

- Lei sobre crimes virtuais transfere ação do Estado para a sociedade, diz Abranet - Folha Online, 11/07/2008. Infelizmente o site oficial da Associação Brasileira de Provedores de Internet não se manifesta sobre o tema, mas vale a pena dar uma olhada no Código de Auto-regulamentação de operadores de rede e de serviços internet (.pdf) proposto pela entidade.

- Resposta da Assessoria do Senador Eduardo Azeredo à Carta Aberta da Blogosfera (via Google Discovery).

-
OITO PERGUNTAS AO SENADOR AZEREDO SOBRE OS CRIMES NA INTERNET - Réplica do Sérgio Amadeu à resposta da Assessoria de Azeredo.

- Petição online EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA (com mais de 11 mil assinaturas neste momento).

- MANIFESTO EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA, publicado no blog do Sérgio Amadeu.

- Texto Segurança e Liberdade na Internet brasileira, de Fábio Luis Mendes, consultor Legislativo da Câmara dos Deputados. Uma das poucas vozes favoráveis ao projeto, faz críticas diretas ao Manifesto em Defesa...

- Chamada para o Dia da Blogagem Política, prevista para 19 de julho.

- Nota da ABCCiber, reproduzida pelo Alex Primo

Posts analíticos:

- No vídeo Orgasmo Produzido, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. fala sobre o risco de criminalizar atitudes socialmente aceitas (via Biscoito Fino e a Massa).

- Artigo Como azedar a proposta da Lei Azeredo, publicado por Fábio de Oliveira Ribeiro no Observatório da Impressa (15/07/2008).

- Análise de alguns artigos do projeto pelo Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV.

- PELO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO... PELO DIREITO DE COMPARTILHAR, EM DEFESA DAS REDES P2P - Blog do Sérgio Amadeu (11/07/2008)

- 2 motivos básicos para rejeitar o PLS 76/2000 - Chá Quente (11/07/2008)

- Site de senador foi feito em desacordo com projeto de lei de crimes virtuais - PSL Brasil (11/07/2008)

- Cut Copy - Alexandre Matias analisa a proposta à luz da "cultura do remix" (10/07/2008)

- Análise do Pedro Doria sobre a aprovação no Senado (10/07/2008)

- Sobre Cibercrimes (08/07/2008) e Mais sobre a aprovação do projeto do Azeredo (10/07/2008) da Raquel Recuero, que (surpresa) também é graduada em Direito

- Terrible new Brazilian Internet law proposal will criminalize brazillions of people (Boing Boing, 04/07/2008)

- Artigo Aseredu cuntinua num intendendu a Tenéti, do Marcelo Trasel no Nova Corja (25/06/08).

- O Projeto de Lei do Senador Eduardo Azeredo e seus custos para o Brasil - nota da Escola de Direito da FGV.

- Quadro comparativo entre o Projeto de Lei do Sen. Eduardo Azeredo e a Convenção contra o Cibercrime do Conselho da Europa (Budapeste/2001) - Safernet


Selos de repúdio ao projeto:



quinta-feira, julho 03, 2008

UFV, aí vou eu...

Saiu hoje no Diário Oficial, então agora é pra valer:

em poucas semanas este que vos fala será professor da Universidade Federal de Viçosa.

A aprovação no concurso (um tanto desgastante) para a disciplina "Jornalismo Online/Novas Tecnologias" foi no meio de junho. Estarei vinculado ao departamento de Artes e Humanidades, que abriga o curso de jornalismo.

Casa com cachorro e jardim, foco no doutorado, bicicleta como meio de transporte, pesquisa e extensão, horários de ônibus Viçosa-BH... Por enquanto, muitas idéias e poucas definições.

Hoje à tarde sigo pra lá, acompanhado pela digníssima, para uma primeira incursão "oficial" pela cidade. Estou empolgado pra burro.

Por ora, veja só o astral do campus:

Polêmica: como planejar e executar um site?


Como Não fazer um site de Mídia Social? (CMS)
foi o post publicado pela Celia Santos no blog Midia Social. Lá, relata a série de dificuldades técnicas que vem tendo para o desenvolvimento do Desabafo de Mãe, um site pra lá de bacana.

Não tardou e a Ladybug publicou uma resposta (Como fazer um site - para qualquer fim) um tanto crítica às colocações iniciais. Marco Gomes emendou (Como fazer um empreendimento na Internet) outra resposta bem direta ao post do Midia Social.

Polêmicas à parte, o assunto é interessantíssimo e os dois primeiros post estão cheios de links de primeira.

quarta-feira, julho 02, 2008

Alguns trabalhos acadêmicos (recentes) de JOL

Alguns trabalhos bem bacanas realizados em cursos de jornalismo e citados pela blogosfera nos últimos dias:

- Ambulantes no Trem, TCC de cinco estudantes da Universidade Anhembi Morumbi. Via Andre Deak, que publicou um relato de um dos novos jornalistas sobre a reportagem multimídia.

- Descampado, trabalho sobre o campus da UFPE realizado na disciplina Jornalismo Investigativo, sob coordenação da profa. Adriana Santana. Via GJOL.

- Focas na Rede, TCC de três alunos de jornalismo da UFMG dispostos a elaborar uma rotina de cobertura multimídia com periodicidade semanal. Gostei tanto do produto quanto do processo (participei da banca deles na terça, dia 30).

Aproveitando o embalo, visite o post anterior com alguns trabalhos que fiz com meus alunos no semestre que está acabando. Ou já acabou.

Atualizações:

- Entre Muros da Colônia - especial multimídia produzido por alunos da USP


P.S. - Em breve, grandes novidades.

terça-feira, junho 10, 2008

Mashups Bairros BH e outros trabalhos

Há um bom tempo não linko por aqui trabalhos produzidos com/por alunos, mas para que este blog não esqueça suas origens, selecionei algumas produções de interesse mais amplo.

Os que mais me animam neste fim de semestre são os mashups produzidos pelos alunos de Jornalismo e RP. Eles adicionaram ao Google Maps fotos, trechos de entrevistas e até podcasts sobre bairros de Belo Horizonte, onde entrevistaram moradores e procuraram mapear as relações sociais entre eles.

Visite o nobre e engarrafado Belvedere, o Aglomerado Santa Lúcia e os nobres bairros vizinhos, a tradição do Santa Tereza, a religiosidade do Bairro da Graça e a badalada Savassi. Há também um guia dos shopping centers da cidade.

Entre os podcasts, gostei especialmente das dicas para remixar um spy trance no Fruit Loops e uma entrevista com Márcio Borges, do Clube da Esquina. Os demais estão aqui.

E com signicativo pesar, entre os blogs indico uma visita ao Jornalismo 5 Estrelas, que segue crescendo enquanto o ex-Ipiranga continua na crista da onda.

P.S. - A falta de atualização do blog no último mês deve-se a uma trementa falta de tempo, associada a uma ou duas doses de menor priorização. A situação não deve melhor muito até o fim de junho, pelo menos. Me esperem aí.

domingo, maio 18, 2008

Livros colaborativos nas Bienais de MG e SP

Duas iniciativas de produção coletiva de textos vinculadas a grandes eventos do mercado editorial:

na Bienal do Livro de Minas (que vai até 25 de maio, domingo) o Projeto Livro Aberto convida os interessados a escreverem histórias a partir das idéias registradas pelo visitante anterior.

O site está abaixo da crítica, não encontrei absolutamente nada sobre a atividade (sequer a programação da Bienal), mas o Mercado Web Minas afirma que o resultado será publicado no site da Universidade Fumec.

Em São Paulo, o escritor Moacyr Scliar deu início a uma história e os interessados podem enviar contribuições de até 20000 caracteres para o Livro de Todos. Neste projeto observa-se fica clara a "mão pesada" dos editores: "todos os textos escritos serão enviados para uma comissão de edição que poderá utilizar livremente todo o texto ou partes deste texto na composição final do conteúdo", dizem no site.

A edição será diária até 16 de junho e a versão final será lançada na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece entre 14 e 24 de agosto.

quarta-feira, maio 14, 2008

(BH) Seminário Mineiro de Educação Profissional e Tecnológica

Interessados em Educação a Distância têm encontro marcado no evento promovido pelo Senactec nos dias 29 e 30 de maio.

Na programação, debates e oficinas sobre Ambiente Virtual de Aprendizagem, Convergência digital, TV digital e Webconferência.

Até 20 de maio, as inscrições custam R$250. O evento promovido pelo Senac Minas acontece no Hotel Mercure, em Belo Horizonte.

sexta-feira, maio 09, 2008

O futuro do jornalismo, por Rosental Calmon Alves

Com o entusiasmo juvenil e uma atuação performática digna de publicação no Youtube, o professor Rosental Calmon Alves ministrou a palestra (Re)Construção do jornalismo para a Era Digital durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

Durante uma hora e meia, o diretor Knight Center for Journalism in the Americas (Texas) tentou convencer uma platéia quase assustada que as perspetivas da mídia e do jornalismo são ao mesmo tempo dramáticas e promissoras.

Atônitos, os estudantes e profissionais não estão sozinhos: segundo Rosental, a postura é compartilhada por muitos proprietários das mídias tradicionais, que sabem que algo está acontecendo mas não sabem o que fazer daqui pra frente.

(Sintomaticamente, a palestra correu em um auditório off-line. Pensando bem, pouca diferença fez para a grande maioria - para se ter uma idéia, só meia dúzia dos presentes, incluindo o próprio palestrante, conhecia o Twitter).

Alguns pontos destacados:

- Mais do que uma revolução tecnológica, a internet traz uma ruptura histórica comparável a dois momentos: revolução do tipo móvel e Revolução Industrial.

Vivemos um intenso processo de remediação do complexo de mídias. Usando conceitos de Roger Fidler, argumenta que não estamos presenciando uma midiamorfose, que foi o processo de adaptação das mídias de massa na era industrial, mas um midiacídio, ou morte de um sistema midiático, que dá lugar a outro. Basta lembra que o Google é empresa de mídia, e cada vez mais importante.

- Ruptura do modelo emissor/receptor ainda causa pânico nas redações. Sem especificar qual, citou uma publicação onde os jornalistas estão em "estado de rebelião" porque o site agora aceita comentários dos leitores. E mais: "NYT morre de medo dos comentários".

A imprensa é apenas um dos elementos do complexo de midias cotidiano do público. Dividem espaço, entre outros, com as mídias sociais, onde os indivíduos conectados tomam o poder da midia. A "pessoa em rede", no melhor estilo "broadcast yourself", cativa e fideliza suas microaudiências. A comunicação midia-centrica torna-se "eu-centrica", com controle total sobre a produção, edição, acesso, distribuição de conteúdos.

Notícia era o fim, hoje é o começo de uma discussão em que o jornalista deve preservar a posição de editor ou mediador do debate. Neste sentido, uma investigação jornalística pode ser aberta, através da publicação de um resultado parcial sobre uma fraude, por exemplo, solicitando ao público complementos àquela informação inicial.

- Jornalismo é conservador e hierarquizado. Talvez por isso, vive um cenário mais que preocupante. Nos EUA, houve a eliminação de 3.600 vagas de jornalistas nos EUA na última década, configurando a pior crise da história da imprensa.

O modelo traçado é de desconstrução de seu modelo industrial para novas estruturas adequadas à era digital, com eixo principal na internet (Web first!).

Praticamente todas as redações dos EUA adotaram operações híbridas: digital + papel. Mais do fusão, exige-se uma alteração conceitual no modelo de operação. Como o modelo da
Gannett: redação deixa de ser newsroom e torna-se information center.

Dois exemplos:

Atlanta Journal Constitution alterou a estrutura da redação de 12 para 4 seções: noticias e informações (dia-a-dia), enterprise news (reportagens especiais), edição impressa (editores, diagramadores etc) e digital/Web.

El Tiempo (Colômbia) implementou dois departamentos: um que busca notícias e outra que as publica.

Para mais sobre o tema, vale uma leitura do artigo Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua, publicado em 2006 na revista Comunicação e Sociedade.

sexta-feira, maio 02, 2008

Links locais num quase feriado

Agenda local: a turnê literária de David Lynch, em agosto, incluirá BH (dica do Marcelo).

Em outubro, Mudhoney está de volta ao Brasil. Vêm a BH no dia 10/10, quem sabe repetindo a sensacional guerra de cuspes com a platéia que marcou o show anterior por aqui no ano 2000 ou 2001.

Um tanto impressionante o relato da Camila Cortiella, quase foi presa porque carregava uns panfletos da Marcha da Maconha.

Bazar 21 relata que estão abertas as inscrições de projetos com ênfase em novas mídias e/ou tecnologias para Pecha Kucha Night (PKN), um dos eventos do Emoção Art.ficial, que acontece em SP de 03 a 05 de julho.

P.S. Este post é fruto do esforço (não disse sacrifício) de acompanhar mais de perto a blogosfera belohorizontina. Várias idéias de atuação local estão pipocando, espero conseguir priorizá-las num futuro não muito distante. Interessados?