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terça-feira, outubro 27, 2009

Hipertexto 2009 + artigo "Auto-organização e processos editoriais..."

Começa nesta quinta, dia 29 de outubro, no Cefet/MG, o III Encontro Nacional sobre Hipertexto, que reúne pesquisadores e alunos de interessados em discutir as relações entre linguagem e tecnologia em diferentes campos do conhecimento.

Estarei lá apresentando o artigo "Auto-organização e processos editoriais na Wikipédia: uma análise à luz de Michel Debrun", que formaliza uma nova etapa de minha pesquisa de doutorado - relacionar processos editoriais e auto-organização em sistemas complexos. O trabalho é parte do GD "Projetos e processos na web colaborativa", que contará com 16 trabalhos em três mesas temáticas. A programação está abaixo.

Meio de improviso, participo ainda da mesa-redonda "Escrever na rede, escrever em rede: novos sentidos para as redes colaborativas", que conta com a presença de Nelson Pretto (Educação/UFBA) e Luciana Mielniczuk (Comunicação Midiática/UFSM).

Sem mais delongas...

Programação GD Projetos e processos na web colaborativa

MESA 1: Sociedade, práticas e ferramentas colaborativas
Sexta-feira, 30 de outubro, 14h às 18h Coordenação: Carlos d'Andréa (UFMG/UFV)

Bens comuns intelectuais: dos que temos aos que queremos - Miguel Said Vieira

Transparência na esfera pública interconectada – recombinação e plurissignificação de dados públicos textuais na rede - Daniela Bezerra da Silva

Reemergência do sujeito nas mídias-sociais da web 2.0 e a consequente transformação da esfera jornalística - André Luiz Covre

A "dança" dos gêneros audiovisuais na convergência de mídias: um estudo de migrações e transmutações na web 2.0 e na televisão - Rafael Rodrigues da Costa

A Construção da Imagem de Si no Orkut - Ângela Valéria Alves da Silva

Micro-bloggings: novos meios de comunicação na internet - Jefferson Veras Nunes, Hamilton Rodrigues Tabosa e Airtiane Francisca Rufino


MESA 2A: Wikis e Wikipédia
Sábado, 31 de outubro, 08h às 11h
Coordenação: Carlos d'Andréa (UFMG/UFV)

Auto-organização e processos editoriais na Wikipédia: uma análise à luz de Michel Debrun - Carlos Frederico de Brito d'Andréa

Participações em uma comunidade de prática; O sustentáculo da Wikipédia - Paulo Henrique Souto Maior Serrano

Gênero e colaboração: a construção do verbete da Wikipédia - Vanessa Wendhausen Lima

Web 2.0 e Políticas Linguísticas: Português brasileiro versus português europeu - Lorena da Silva Rodrigues

Ambiente wiki em contexto escolar: interação e produções colaborativas de narrativas em Formula Fiction - Robsônia Ribeiro de Sá


MESA 2B: Gêneros, educação colaborativa e blogs
Sábado, 31 de outubro, 08h às 11h
Coordenação: Sandro Luis da Silva (UFLA)

O chat educacional: relato de uma experiência com o gênero textual no curso superior - Sandro Luis da Silva

Investigando, aprendendo e partilhando conhecimentos: a webquest e o blog em atividades de orientação educacional - Francisca das Chagas Soares Reis

Incorporação de atividades colaborativas em ambientes virtuais na UNESP FCLAr - Ucy Soto

Blog jornalístico: o dialogismo bakhtiniano na rede - Daniele de Oliveira

Blogue: um gênero híbrido da esfera hipertextual em um modo de enunciação eletrônico-digital?
Djamar Campos-Terra

terça-feira, agosto 25, 2009

Revisões assinaladas: uma nova Wikipédia?

A mudança vinha sendo discutida desde o ano passado (ver post Wikipedia = Britannica? Ainda não) e, nesta segunda, 24/08, o NYT confirmou:

a versão em inglês da Wikipédia vai a adotar o recurso "Revisões assinaladas", ou "Validação de páginas" (em inglês, flagged revisions). Com esta mudança, a edição de alguns artigos ( no caso, como as Biografias de Pessoas Vivas, ou articles about living people) passará pela aprovação de algum usuário mais experiente antes de ser publicada.

Atualização em 26/08 - segundo blog da Wikimedia, a novidade vai se estender a todos os artigos cuja edição tem alguma restrição, e tende a substituir a proteção contra edições de usuários não registrados e novatos.

Em suma, isso significa um duro impacto sobre o modelo aberto e sem moderação prévia que sempre caracterizou as Wikipedias. Ao mesmo tempo, é uma medida prudente e que dá a dimensão da relevância e visibilidade alcançadas pelo projeto atualmente.

A matéria de Noam Cohen (praticamente um setorista do NYT para a Wikipedia) cita vários exemplos de vandalismos recentes e afirma que não há critérios já definidos para escolha dos novos editores - e, por consequência, dos que passarão a ser apenas redatores. Na experiência feita na versão em alemão, cerca de 7500 usuários foram habilitados para a função.

Atualização em 26/08 - Post do ReadWriteWeb faz uma importante distinção entre:
- "flagged protections", que permitem que um artigo seja editado por qualquer usuário, mas a alteração só será exibida na versão principal do artigo após aprovação por um editor designado, e
- "patrolled revisions", que é a inserção de marcação em uma versão do artigo, confirmando sua revisão por um editor designado, sem que isso interfira no artigo a ser lido pelo usuário comum. Trata-se de uma espécie de "ponto de restauração" que facilita o monitoramento das edições.

O fato é que, se antes a hierarquização do site era marcada principalmente pelas prerrogativas técnicas atribuídas aos administradores, ficará oficializada agora a divisão de classes na Wikipédia: de um lado os mais experientes e ativos, do outro, o resto. Este é mais um passo de um fenômeno já identificado por pesquisadores e editores: um acirramento das diferenças entre os editores mais ativos e uma maioria que colabora eventualmente, com clara vantagem para o primeiro grupo. Ver, por exemplo, pesquisa inicial recentemente divulgada pelo grupo de pesquisa Augmented Social Cognition, que, entre outras conclusões, identificou que a chance de manutenção de uma edição realizada por um usuário é proporcional ao seu volume de participação.

Vale lembrar que a medida vale apenas para um conjunto de artigo da Wikipedia em inglês e, segundo Jimmy Wales, é ainda "um teste".

As repercussões (sempre em inglês) não tardaram:

Andrew Keen, autor do famigerado livro "Culto ao Amador", se empolgou no Twitter com a novidade, e tiro sarro com @jimmy_wales: "Now I can take you serious".

O Mashable, um dos mais respeitados blogs sobre mídias sociais, foi épico em sua análise: "a new chapter in the Wikipedia information age and the end of an old one"

No OnlineJournalism Blog, Paul Bradshaw afirma que esta é uma decisão óbvia (no-brainer), mas levanta algumas questões relevantes sobre os possíveis impactos sobre a comunidade de editores:
if a new contributor doesn’t see their edit go live immediately, how does that affect their involvement? How does creating a 2-tier system affect the community? Why not instead try adding a disclaimer to the top of all biographies urging caution because “this is about a person”?
Sem me alongar muito, adianto um trecho da conclusão de um artigo meu sobre a colaboração e mediação na Wikipedia e Britannica (será publicado ainda este ano pela revista Em Questão, da UFRGS)

A eventual criação de novas “camadas” de mediação na Wikipédia (as Revisões Assinaladas, por exemplo) parece-nos um indício do esforço da comunidade de editores para equilibrar controle e abertura. Ao mesmo tempo em que se mantém um modelo baseado numa meritocracia auto-regulada, verifica-se uma tendência de valorização dos usuários mais engajados, em detrimento de colaboradores novatos ou eventuais. Esta tensão fica evidente na possibilidade de duas versões de um artigo serem disponibilizadas para o público: uma mais recente, mas passível de erros, e outra checada pelos editores.

Uma ampliação e um maior rigor na vigilância de usuários menos familiarizados com os “Operadores de Normatização” que regem o site podem acarretar no afastamento de um volume numeroso de colaboradores eventuais. Estes representam, ao menos na versão em inglês, uma parte significativa do volume de informações publicadas – 50% das edições realizadas em 2007 foram feitas por wikipedistas com até 100 contribuições em seu histórico (KITTUR, 2007b, p.5) – e, conceitualmente, representam o “espírito wiki” que motivou o projeto.

segunda-feira, junho 29, 2009

Hipertexto 2009 - GD Projetos e Processos Colaborativos

Estão abertas a chamada de trabalhos e as inscriçoes para o III Encontro Nacional sobre Hipertexto, que acontece de 29 a 31 de outubro no Cefet/MG, em Belo Horizonte.

O evento, que originalmente era mais voltado para as áreas de Letras e Educação, neste ano está mais aberto para outras áreas do conhecimento. Basta ver a presença marcante de pesquisadores das áreas de Comunicação, Computação, Belas Artes e outras nas mesas já confirmadas.

Entre os convidados internacionais estão Ilana Snyder (Austrália), Maria Augusta Babo (Portugal) e Rui Torres (Portugal) - veja a programação completa.

Até o dia 20 de setembro os interessados podem submeter resumos a um dos 12 Grupos de Discussão. Chamo a atenção, é claro, para o GD que propus e vou coordenar: Projetos e Processos na Web Colaborativa. A ementa é:
Este grupo pretende aproximar pesquisas e experiências baseadas em ferramentas e práticas da web colaborativa, ou web2.0, caracterizada pela participação do público na elaboração e na edição de conteúdos em texto, foto, vídeo, etc. São bem-vindos trabalhos sobre blogs, wikis, podcasts e folksonomia, entre outros conceitos, assim como discussões sobre os desafios e possibilidades da colaboração via web nas áreas de Comunicação, Jornalismo, Linguística Aplicada, Educação, Ciência da Informação e afins.
Logo no fim de setembro, será divulgada a relação de trabalhos aceitos, e os aprovados terão um prazo (curto) para envio dos trabalhos completos.

Para a submissão de resumos/artigos é exigido, no mínimo, estar cursando mestrado.

Graduandos, graduados e especialistas podem participar com pôsteres ou ouvintes.

As inscriçoes até 31 de julho são mais baratas.

Blog sobre Jornalismo Multimídia

Antes que este blog complete um mês no limbo, eis-me aqui para o já tradicional jabá de trabalhos produzidos ao longo do semestre.

Um dos produtos elaborados pelos alunos da UFV em 2009 1 é o blog Práticas de Jornalismo Multimídia, onde postamos conceitos, exemplos, autores, tutoriais etc sobre temas relevantes para o jornalismo na "era multimídia".

Cinco temas centrais foram abordados lá:
- Reportagem Multimídia
- Jornalismo Móvel
- Jornalismo e Mapas
- Infografia Multimídia
- Newsgames

É uma boa fonte de pesquisa, acredito eu.

segunda-feira, junho 01, 2009

Teia, Vint Cerf, AI5Digital, "blogueiros": notas de um dia intenso

Previ na segunda-feira passada que o 01/06 seria um dia quente, e acabou esquentando ainda mais. Além da palestra do Vint Cerf e o ato contra o AI5Digital, apareceu um convite para a cerimônia de lançamento do Teia, no Palácio da Liberdade, e uma boa oportunidade de conhecer ou reencontrar gente atuante nas mídias sociais em BH e SP.

Antes que o assunto esfrie (e eu volte às muitas pendências acumuladas), deixo aqui algumas notas e links (achando outros, acrescentarei). As fotos são do Flickr do Spyer.

1) A palestra do Vint Cerf não surpreendeu nem decepcionou. Foi unanimidade entre todos com que conversei que a simples chance de vê-lo falando, in loco, valia mais do que qualquer novidade que ele pudesse anunciar. Entre exemplos divertidos (como controle da temperatura da adega de vinho via celular) e surpreendentes (o desenvolvimento de uma internet interplanetária), Cerf mostrou que ainda é um dos cabeças da internet - e um sujeito bem simpático. Pra sincero, quero mesmo é a foto que tirei ao lado dele - essa vai pra minha mesa de trabalho.

A palestra na íntegra pode ser revista aqui. Dê uma olhada tb no que foi tuitado.

2) Conhecemos a base do projeto Teia, liderado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, e conversamos em vários momentos com os líderes e articuladores do projeto. Entre os vários aspectos, me chamou muito a atenção a possibilidade do estado atuar com um articulador, uma ponte entre "agentes" e "clientes" da sociedade civil, que têm grande autonomia para negociar e conversar entre si. As ferramentas e práticas da web 2.0 têm função estratégica nessa articulação - têm usado muito o Ning, por exemplo.

O projeto ganhou escala rápido por ser descentralizado e atender às demandas regionais - há muitos casos interessantes. Uma análise mais calma será necessária, até porque será ótimo ver demandas de Viçosa inseridas nessa rede.

Não posso deixar de destacar a empolgação com que a equipe do projeto vem conduzindo a iniciativa. Sei bem reconhecer quando uma equipe está inteira envolvida - isso é mais de meio caminho andado para encarar uma empreitada com essa.




3) Fui um dos "blogueiros" convidados pela organização da acompanhar a palestra, conhecer a sede do Teia e acompanhar
a cerimônia no Palácio da Liberdade. Já tornei público meu incômodo com esse rótulo: nada contra blogueiros, mas é algo que não me define. Pelejo com esse blog, mas essencialmente sou um professor que usa a ferramenta como um dos espaços de reflexão. Gosto mais da definição do Spyer (outro incomodado com o termo), que nos chamou no twitter de "representantes do campo das mídias sociais".

De todo modo, foi estranho sentar na mesa de reuniões da sede
do governo de Minas, dividida entre os engravatados
(governador, representantes do Google e das secretarias envolvidas) e os blogueiros, "seres" que têm licença poética para colocar notebooks sobre a mesa, mexer freneticamene no celular durante os discursos e até rir quando recebem um reply sacaneando algum figurão que estava por lá.

4) O cansaço me impediu de acompanhar todo o ato público contra o projeto Azeredo de criminalizar várias práticas na internet - o denominado AI-5 Digital. Fui muito para ouvir o Idelber - que já registrou algumas impressões e links sobre o evento. Vale a pena ainda explorar o site do advogado Túlio Vianna - além do Sérgio Amadeu, que encarna como ninguém o discurso contra os lobbies escusos que norteiam o projeto.

segunda-feira, maio 25, 2009

(BH) Palestra "A internet do futuro", com Vint Cerf

O vice-presidente mundial do Google, Vint Cerf, ministra a palestra "A internet do futuro" na próxima segunda, dia 01/06, no auditório do Minascentro em BH. O evento é gratuito, mediante inscrições (ver convite abaixo).

Vint Cerf é simplesmente do inventor do protocolo TCP/IP, que permite que os computadores "conversem" entre si. No currículo ainda constam a presidência da Internet Society (1992 a 1995) e da ICANN, órgão responsável pelos domínios da internet.

Numa entrevista em 2006, afirmava que "é difícil censurar a web" - uma coincidência enorme o leva a BH no dia em a cidade abriga um Ato Público contra o AI-5 Digital - vulgo projeto de lei de Azeredo. Dia quente!

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segunda-feira, maio 18, 2009

Este blog não morreu...

... mas está dando um tempo.

Mais cedo ou mais tarde, voltamos.

Por favor, mantenha o feed cadastrado, se for o caso.

Os motivos externos são muitos - mas há também um desânimo pessoal com o "ato de blogar"

Vai passar.

quarta-feira, abril 15, 2009

Rumo ao 12º ENPJ: artigo "Jornalistas 2.0..." e outras pautas

Sim, o blog anda às moscas: acúmulo de burocracias, aulas já em ritmo acelerado, nova versão do projeto de doutorado em gestação, projetos de sites, novos artigos com deadlines à vista... e uma certa letargia, confesso.

O post é mais para registrar que nesta sexta, dia 17, começa o 12ºEncontro Nacional do Professores de Jornalismo, que este ano será na boa e velha BH.

Estarei lá acompanhando os debates, que, espero, trarão novas informações sobre o momento "quente" da área de jornalismo.

Na conferência de abertura, por exemplo, o professor Alfredo Vizeu, da UFPE, falará sobre "O ensino de jornalismo no Brasil e as diretrizes curriculares: idas e vindas de um processo de consolidação do jornalismo como campo acadêmico" (Vizeu é membro da comissão nomeada pelo MEC para rever as diretrizes dos cursos de jornalismo).

No sábado à tarde, apresento o artigo
"Pela formação de “jornalistas 2.0”: relato de projeto acadêmico com blogs, Twitter e podcasts", que é um relato crítico de uma atividade desenvolvida em 2008 2 com uma das turmas da UFV (resumo abaixo e artigo relacionado no carlosdand.com). Os blogs citados no trabalhos podem ser acessados aqui.

Infelizmente o site oficial não tem a programação detalhada dos GTs e o sistema de busca dos artigos é um tanto deficiente, mas vale a pena dar uma checada na relação de Autores, Resumos e Trabalhos.

É um pouco improvável, mas de repente posso tuitar algo de lá.

E quem sabe sai algum post aqui ao final do evento.

D´ANDRÉA, C. F. B. Pela formação de "jornalistas 2.0": relato de projeto acadêmico com blogs, Twitter e podcasts". In: 12 Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, 2009, Belo Horizonte. Anais... 2009.

Resumo: Este artigo apresenta e problematiza um projeto acadêmico desenvolvido com alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Cada grupo de alunos foi responsável pela concepção e atualização de um weblog sobre um tema à sua escolha, além de um canal no serviço de microblog Twitter e de um podcast. Além de adequar os processos jornalísticos tradicionais (pauta, apuração, redação, edição) às especificidades do webjornalismo (e, especificamente, dos blogs), procurou-se desenvolver habilidades específicas do trabalho jornalístico na internet, como uma ênfase em gestão de conteúdo, relacionamento com o público e análise de estatísticas de acesso. Após uma discussão conceitual sobre as novas demandas no atual contexto de atuação profissional do jornalista e as possibilidades para o ensino na área, são detalhadas e discutidas as atividades desenvolvidas ao longo de um semestre letivo.

Palavras-chave: Webjornalismo. Blog. Microblog. Podcast.

sexta-feira, abril 03, 2009

Por dentro da convergência de mídias nos Diários Associados

A palestra “A convergência de mídias nos Diários Associados” na UFV foi um sucesso - cerca de 200 pessoas para assistir a palestra e debater com jornalista Robson Leite, analista de mídias convergentes do grupo (fotos no canal do curso no Picasa)

Organizamos uma mini-cobertura multimídia e no YouTube estão seis vídeos editados a alunos do curso. Sem dúvida é um registro precioso para entendermos os caminhos e desafios enfrentados na aproximação de rádio, TV, jornal e internet.

Os assuntos abordados são:

O que faz um analista de mídias?



Convergência e linhas Editoriais



Preparação do profissional multitarefa



As pautas e a Convergência



Convergência, colaboração e o portal Dzaí



Formatação, conteúdo e novidade

sábado, março 14, 2009

Convergência - por aqui e pelo mundo

Convergências de mídias é o tema da semana que chega no curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFV, onde leciono.

Na quarta, dia 18, recebemos o jornalismo Robson Leite, analista de mídias convergentes do grupo Diários Associados, conglomerado de comunicação que, em BH, reúne o jornais Estado de Minas e Aqui, TV Alterosa, portal UAI e rádio Guarani (mais informações sobre a palestra e o convidado).

Estamos preparando uma mini-cobertura multimídia e espero publicar alguns links aqui no fim da semana.

Coincidência ou não, tirando o atraso na leitura de feeds me deparei com três materiais preciosos sobre convergência - são ótimas leituras preparatórias para o debate (tem algum aluno aí?).

A Ana Brambilla linkou o projeto "Documental Multimedia Redacciones On Line", coordenado pelo argentino Alvaro Liuzzi, que gravou, em vídeo, depoimentos de editores sobre as adaptações das redações jornalísticas em países de língua espanhola. Temas como "El proceso de integración de redacciones", "Cobertura informativa y turnos de trabajo" e "Blogs y contenido multimedia" são discutidos. Um resumo está no vídeo abaixo:




Lá no GJOL Fernando Firmino deixou a dica do recém-lançado livro "Periodismo Integrado - convergencía de medios y reorganización de las redacciones", de Ramón Salaverría e Samuel Negredo. Um dos grupos de mídia estudados é o Estado de São Paulo.

Dá pra baixar o case do inglês Daily Telegraph.

Entre vários textos interessantes, Andre Deak linka outro material de Salaverría (e José Alberto Garcia Alvilés: o artigo La convergencia tecnológica en los medios de comunicación: retos para el periodismo.

segunda-feira, março 09, 2009

Criticando a Enciclopedia (como fazem com a Wikipedia...)

Uma das vertentes principais de meu estudo de doutorado é identificar qual a relação entre processos editoriais tradicionalmente estabelecidos (produção de livros ou jornais, por exemplo) com a dinâmica de produção de textos na Wikipedia.

Por isso, ando lendo alguns coisas de História Cultural - neste momento, O Iluminismo com Negócio, uma pesquisa monumental de Robert Darnton sobre os desdobramentos da publicação da Enciclopédia, obra pioneira coordenada por Diderot e D’Alembert.

Darnton apresenta um documento interessatíssimo - um relatório posterior de Diderot avaliando o projeto que lhe tomou mais de 20 anos e, em 1768, estava prestes a ser relançando por outro editor, Panckoucke.

As críticas que reproduzo abaixo caberiam muito bem na boca dos mais ferrenhos críticos da Wikipédia - mais um sintoma de como os fatos e as discussões se repetem ao longo dos séculos.

Negritei os trechos que me parecem mais "atuais" (que fique claro, não indicam necessariamente minha opinião):

A obra fora prejudicada, explicou, pela mediocridade de seus colaboradores – e apontou seus nomes, juntamente com as vastas seções da Enciclopédia por eles maculadas. Alguns dos colabores eram incompetentes. Outros haviam pago a escritores medíocres. E esses verbetes malfeitos tornavam incongruentes os de boa estirpe. Não existia homogeneidade na qualidade do texto, e a coordenação na alocação das tarefas fora péssima. Assim, temas importantes haviam sido omitidos porque alguns colaboradores que outros os estavam escrevendo, as remissões recíprocas dos eventos haviam sido esquecidas e o texto não fora cuidadosamente relacionado às ilustrações. Diderot não teve papas na língua; a Enciclopédia era caótica: “A Enciclopédia foi um sorvedouro, no qual esses perfeitos trapeiros lançaram desordenadamente uma infinidade de coisas mal digeridas, boas, más, detestáveis, verdadeiras, falsas, incertas, e sempre incoerentes e discordantes”.

segunda-feira, março 02, 2009

Wiki impresso (?!)

Uma característica fundante dos wikis, ao meu ver, é a natureza mutante do conteúdo lá publicado - o que implica, mais do que numa falta de confiança no sistema, na idéia que trata-se de um work in progress permanente como o desenrolar de uma sociedade conectada.

Neste sentido, me chama muito a atenção a ampliação da iniciativa da Wikimedia Foundation e da editora alemã PediaPress, que permitem a edição, a la carte, de versões impressas da Wikipedia. Além do alemão, disponível desde janeiro, é possível agora pedir livros com artigos de seis outras línguas, inclusive português. A primeira experiência do gênero foi em 2008, quando foi editado um livro com os 50 mil termos mais procurados na versão alemã.



A edição e montagem do livro é extremamente simples: o usuário logado, após selecionar os artigos, precisa organizá-los em capítulos e dar nome à publicação. Um arquivo PDF ou ODT é gerado gratuitamente, na hora, ou uma versão impressa sob demanda pode ser encomendada a custos muito razoáveis (pense na impressão de um único exemplar). Um livro de 100 páginas, por exemplo, sai por U$7,99.

Alguns comentários:

- Para Erik Moeller, em post no blog da Wikimedia Foundation, a possibilidade de um texto integrar um livro pode motivar os colaboradores a capricharem mais na apuração e formatação do conteúdo.

- O blog Telephone Issues montou um livro em inglês sobre a União Européia. Os 45 artigos totalizaram 2444 páginas, divididas em 3 volumes. Uma prova concreta da quantidade de informações da versão em inglês. A um preço, repito, razoável: U$80 €80.

- Além da dicotomia impresso-digital, acho que vale pensar em online-offline. Um PDF salvo em um disponível sem conexão pode significar uma leitura em outros ambientes. Mais uma vez, ganha a multiplicação, e não exclusão de formatos. O wiki impresso é mais uma opção e, quanto mais, melhor.

- Uma iniciativa tão interessante quanto que esta é Pediaphon, que gera arquivos .mp3 para qualquer artigo em inglês, francês ou espanhol da Wikipedia.

- Considerando que o software usado na conversão do wiki para outro formato é, evidentemente, livre, é fácil imaginarmos à migração digital-impresso sendo usada, por exemplo, para a documentação final de projetos registrados através de um wiki corporativo - algo promissor em empresas.

Mais alguns detalhes no Futuros del Libro e no Techcrunch.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

carlosdand.com + blogroll atualizado

Há mais de um ano registrei um domínio próprio e deixei-o lá parado. Aproveitando uns raros momentos de folga deste início de ano, construi meu "site pessoal": está lá o www.carlosdand.com.

Mais do que um "self-jabá", a construção deste site foi o modo que encontrei para aprender na marra a usar um CMS livre: no caso, o Joomla!. Entre trancos e barrancos e n consultas a fóruns e tutoriais, consegui avançar bem. A partir da semana, inicio com alunos a construção do novo site do curso de Comunicação/ Jornalismo da UFV e devemos ralar bastante na customização da ferramenta - assim que tiver uma impressão mais definitiva, registro algo aqui.

O site agrega o que publico em outros serviços da web (blog, twitter, delicious) e inclui uma relação cronológica das minhas publicações em congressos e revistas. No tópico Fontes de pesquisa/Bibliografias, listei vários links sobre jornalismo, web2.0, convergências, wikis etc que guardava de forma dispersa - certamente será útil para monografias e afins. Para dar uma corzinha ao site (o alvinegro evidentemente predomina), atualizei meu perfil no Flickr com fotos avulsas de viagens e improvisei uma galeria de fotos por lá. Aos poucos pretendo ampliá-lo.

Este blog, por ora, permanece aqui no Blogger mesmo. Mas aproveitei para romper a inércia e atualizar o blogroll ao lado. Saíram uns poucos, entraram outros tantos blogs, agora organizados por tópicos: Nas Minas Gerais, Pelo Brasil, Península Ibérica, Em Inglês e Off-Topic. Não deixe de dar uma geral na lista à direita.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Wiki links: Forensepedia, WikiDashBoard, FutureMelbourne

De volta à correria: prazos de submissão quase vencendo, aulas em vias de recomeçar e viagem semanal já no ritmo do semestre. Por ora, portanto, alguns links e breves comentários:

- Foi lançada na semana passada a Forensepedia, uma enciclopédia jurídica nos moldes da Wikipédia. Acompanhei o fim das discussões de implementação captaneadas pelos Gustavo D'Andréa (sim, certamente é meu parente, mas ainda não pesquisamos o elo de ligação) e boto fé que o projeto vai dar certo. Torço para que cai nas graças daqueles advogados aposentados, donos de bibliotecas enormes e loucos para publicar suas idéias...

- A equipe do Palo Alto Research Center (já citamos eles por aqui) lançou uma ferramenta interessantíssima: o WikiDashBoard gera uma representação gráfica do histórico de alterações de qualquer página da Wikipédia, permitindo identificar, entre outras informações, os usuários que mais atualizaram uma página e como as contribuições se distribuem numa linha de tempo. Pesquisei o processo de edição do artigo Minas Gerais e obtive o seguinte gráfico:


Além da explicitar ainda mais a transparência das ações da Wikipédia, outro mérito do WikiDashBoard é que ela parece ser a mais simples das ferramentas de análise gráfica de um wiki - digo parece porque ainda estou mapeando e testando outras, e pelo menos uma delas deve me ajudar na coleta de dados do doutorado.

Vi a dica primeiro no if:book e recomendo a leitura do artigo Who's Messing with Wikipedia?.

- Publicado em 2008, o texto The Wikification of Knowledge é uma leitura básica e obrigatória para contextualizar a oposição especialistas x multidão que caracteriza tantos debates hoje. Uma coisa interesse é que o autor, Kenneth S. Kosik, é neurocientista, e exemplifica toda sua argumentação com o jornalismo e a medicina. A dica veio do Los Futuros del Libro, que amplia o debate.

- Circulou na lista da Aoir um projeto interessante de uma das metrópoles canadenses: o FutureMelbourne pretende ser um ponto wiki de discussão sobre os rumos da cidade. Me lembrou o Police Act Review, que também é um projeto de e-gov.

domingo, fevereiro 01, 2009

Meme das coisas secretas (ou inventadas)

Atenção: post off-topic (licença poética de domingo)

O Rogério passou a bola e resolvi encarar: revele 6 "coisas secretas" e passe a bola para outros blogueiros (vai lá, Caio, Suzana, Frank, Pollyana e Fernando). Para avacalhar um pouco, uma das revelações abaixo é falsa. Será que alguém descobre qual é?

- Bati boca com o monitor do laboratório de informática na primeira vez que precisei passar um e-mail: ele insistia que, para enviar o currículo para um estágio, eu precisava criar uma conta pessoal . Algo estranho, mas ele me convenceu, e acabei aceitei a sugestão do Hotmail: carlosdand@....

- Fiquei em segundo lugar na dança das cadeiras de um famoso programa de televisão de BH nos anos 80. O prêmio de consolação: um iogurte de limão da Itambé.

- Já dei uma volta praticamente completa na Lagoa da Pampulha, em BH, voltando de uma festa rock de um dos sítios mocados da orla. Quatro horas de caminhada, algumas cochiladas e, às 7h30, dois ônibus para casa.

- Fui de BH a Salvador de carona. Pouco antes da divisa MG/BA, o motorista de caminhão passou mal e sobrou para mim tocar o Mercedes até o posto mais próximo, numa velocidade máxima de 30km por hora.

- Meu primeiro emprego com carteira foi na loja de CDs Sem Nome, nos anos 90. Como vendedor por um mês, fiquei em primeiro lugar entre os temporários e descobri que a chegada do CD anual do Robertão é (era?) o evento natalino nas lojas de disco.

- Fui músico. Cansei de tocar em casamentos e já subi duas vezes no palco do Palácio das Artes. A atividade, inclusive, pagava (há mais de 10 anos) melhor que ganho como professor.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Wikipedia = Britannica? Ainda não.

Duas notícias compĺementares repercutiram bastante esta semana: enquanto a enciclopédia Britannica abre-se para a participação do público, a Wikipedia estaria prester a aprovar um novo mecanismo de restrição à ampla colaboração.

Especulações e exageros à parte, apurei algumas informações e proponho uma análise.

As mudanças da Britannica vieram à tona após uma matéria do jornal australiano Sydney Morning Herald, que entrevistou o presidente instituição, Jorge Cauz. Ele deixa claro uma "cruzada" da secular instituição contra a Wikipedia, o que inclui melhorar posicionamento das entradas no Google.

O ponto chave, no entanto, já estava delineado há alguns meses, no post Collaboration and the Voices of Experts, publicado em junho de 2008: a Britannica pretende, ao seu modo, dar mais espaço para novos editores, que chamam de “community of scholars”.

O modelo conceitual deixa claro o papel dos especialistas, que precisam comprovar dados pessoais e certamente devem ter um alto grau de especialização na área (ao contrário da Wikipédia, cuja meritocracia baseia-se no engajamento). Estes novos editores aparentemente terão grande poder de decisão e suas publicações estarão vinculadas aos logins (uma forma de explicitar a autoria).

A mediação rígida deve ao simplificado mecanismo para sugestão de modificações nos verbetes. O recurso Suggest Edit associado às entradas é muito parecido com a ferramenta wiki, aceita submissões sem cadastro prévio e pede apenas o aceite dos Termos de Uso.

Espera-se que atualização de uma informação checada pela equipe da enciclopédia ou por "editores freelance" ocorra em até 20 minutos. As novidades podem ser incorporadas na versão impressa, editada a cada 2 anos.

Atacando o "modismo" da "sabedoria das multidões" e chamando para si a responsabilidade pelo material publicado, a Britannica deixa clara sua adequação à web 2.0:
"we believe that the creation and documentation of knowledge is a collaborative process but not a democratic one"

Já na Wikipédia, a alardeada limitação da colaboração ampla e irrestrita que move o projeto resume-se, no fim das contas, à possibilidade de implementação da extensão "FlaggedRevs" no MediaWiki, software em que se baseia o site.

Este recurso tem inúmeras configurações possíveis, pode ser ativado caso a caso e seria uma alternativa à proteção imposta com frequência em alguns artigos mais visados por vândalos ou guerras de edições. Ao invés do travamento total das edições, seria permitida a edição, mas sua publicação dependeria de uma autorização posterior pelos administradores do site.

O assunto está em discussão desde o ano passado e foi retomado após um apelo de Jimmy Wales na sua página pessoal, motivado especialmente por episódios de "morte antecipada" de personalidades (forma clássica de vandalismo na Wikipédia). O índice de aprovação da proposta (60%) indica baixa aceitação da comunidade de usuários e o tema continua em discussão.

As Flagged editions (termo traduzido como Revisões Assinaladas) foram implementadas de forma experimental em todos os artigos da versão em alemão. De cara, um grande problema: a aprovação do conteúdo chegou a registrar uma demora de 3 semanas. Se implementada em larga escala, tornaria inviável a aprovação das mais de 150 mil edições diárias, como levantou o post do ReadWriteWeb.

Poderia ainda impactar diretamente uma apropriação típica da Wikipédia, a redação "em tempo real" de artigos sobre acontecimentos recentes. É uma faca de dois gumes: ao menos tempo em que impediria uma atualização em "fluxo contínuo", evitaria uma proteção mais restritiva no calor dos eventos, como o próprio Wales registrou em seu apelo (situação que ocorreu, por exemplo, na edição do artigo sobre Vôo TAM 3054, como algumas vezes citei aqui).

Parece-me que estamos diante de um processo de amadurecimento e complexificação da política de edição gerida no site, e não de uma simples guinada da Wikipedia para um modelo mais fechado ou de uma mudança na sua política editorial.

Avalio ainda como uma intensificação de uma tendência repleta de tensões: dar um maior poder aos administradores em prol da manutenção da idéia original de que todos podem editar.

Pesquisador Ed H. Chi, do Palo Alto Research Center, levanta uma questão fundamental no post
Governing and authorship models at Wikipedia and Britannica:
So now the research question is whether you want to design your editing policy to favor the upper class (top editors and administrators), the middle class (the 5000-6000 editors who contribute the middle 50% of all edits), or the lower class (the 15000 editors who contribute the last 25%).
Quer dizer, a questão é quem deve ser privilegiado na "política de edições": os usuários mais ativos, a "classe média" ou os eventuais colaboradores? Chi acredita que independente das "revisões assinaladas", a participação dos usuários eventuais está cada vez mais limitada:
So, even without the "flagged revision" mechanism such as the ones suggested by Jimmy Wales, it has already been getting harder for the lowest class of occasional editors to produce edits that remain as contribution in Wikipedia.
Comparando os dois processos em cursos, não consigo imaginar, a médio prazo, uma efetiva aproximação entre a Britannica e a Wikipédia, principalmente pelas filosofias editoriais claramente distintas. Em ambas colaboração e mediação andam juntas, mas de formas distintas.

Posts relacionados:

Hierarquia e Cauda Longa na Wikipédia

Morto ou não? Boatos na Wikipédia, twitter e jornalismo

Knol e a colaboração moderada

terça-feira, janeiro 27, 2009

Jornalismo de links e os limites da concorrência

Uma empresa indica um produto do concorrente, e este a processa?

Estranho, não?

É o que está acontecendo nos EUA, onde o grupo GateHouse Media entrou na justiça contra a New York Times Co. com a alegação de violação de copyright e propaganda enganosa, entre outras irregularidades.

Tudo isso porque um dos jornais que pertencem ao NYT, o The Boston Globe, tem republicado chamadas e leads (seguidos de links para a matéria original) de um site local do grupo GateHouse, o Wicked Local.

Os acusados defendem-se argumentando que o Boston.com (site hiperlocal do The Boston Globe) é um agregador de conteúdos sobre a cidade e a indicação de links é uma das práticas mais comuns da internet, a começar pela busca Google e por blogs.

A disputa parece-me mais um capítulo da disputa entre a velha e a nova mídia - no caso, entre velhas empresas e seus esforços e limitações de adequação aos novos tempos.

Ao ler sobre o caso me lembrei dos processos movidos contra o agregador Google News pela Agência France Press e pelo grupo belga Copiepresse, que o acusaram de violação de direitos autorais.

Para "resolver" a questão, o Google deixou de indexá-los - um tiro no pé do departamento jurídico das duas empresas! (no caso da AFP, houve um acordo em 2007).

Vale a leitura detalhada do post A Danger to Journalism, do Machine 2.0. Um trecho sobre a importância do link:

Links are the bloodstream of the web, carrying its oxygen. Links are how original journalism will get audience, traffic, branding, attention, credit, and monetization. Links are a gift and a courtesy. Links are the means to better-informed communities. (...) Links are also the key to specialization and efficiency; they will allow a local publication to do local well and link to other stories rather than rewriting them: Do what you do best, link to the rest.


Separei mais algumas indicações sobre o assunto, que muito me interessa:

Sobre a tendência de linkar sites de empresas concorrentes: Extra, Extra! O “tabu da concorrência” foi quebrado.

Ainda em português, Organizações aderem ao "jornalismo de links" e Jornalismo interativo: links não bastam.

Um blog muito bacana sobre o tema é o Publish 2.0 - The (R)Evolution of Media. Está lá uma apresentação do que é Link Journalism - há inclusive uma ferramenta para isso.

Alguns posts que destaco:

Digital Transition: From Redundant News Coverage To Original Link Journalism

Permanent Link to Networked link journalism: A revolution quietly begins in Washington state

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Artigo "Wikis e o hipertexto colaborativo"

Está no ar o volume 2 da revista digital Hipertextus, mantida pelo Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (NEHTE) da UFPE.

Entre os 12 textos selecionados (relação abaixo), está um artigo meu: Wikis e o hipertexto colaborativo.

RESUMO: Aproximando os estudos sobre hipertexto digital e conceito de Web 2.0, este artigo pretende apresentar e discutir as potencialidades da ferramenta wiki para novas práticas de leitura, redação e edição de textos. Entre as características dos wikis, destacamos a potencial redação coletiva e colaborativa de textos, possibilitada através das interações estabelecidas pelos usuários.

Trata-se de uma reflexão conceitual a partir de leituras na área de Linguística. Foi o ponto de partida para textos e posts já publicados (como o artigo
Retextualização "em tempo real" na Wikipédia: a edição coletiva dos artigos sobre o vôo TAM 3054) e outros "em gestação".

Artigos e resenhas do volume 2 da revista Hipertextus (2009)

A pesquisa on-line: potencialidades da pesquisa qualitativa no ambiente virtual
Conrado Moreira Mendes

A imagem digital interativa: características, atribuições e potencialidades na didática de línguas estrangeiras
Maria do rosário Ferraz Sailler
Análise do discurso instrucional em ambiente virtual de aprendizagem
Sérgio Roberto Costa
Do impresso à ciberpublicidade: os percursos do leitor no advento da virtualidade
Ivandilson Costa
Hipertexto: o desempenho do leitor
Valéria Cristina Bezerra
A autoria no hipertexto: uma questão de dispersão
Evandra Grigoletto
A CLP como canal de interação. Uma análise dos fóruns on-line da clp à luz dos requisitos de habermas
Tenaflae Lordêlo
Wikis e o hipertexto colaborativo
Carlos Frederico de B. D'andréa
Rizoma e hipertexto em nove, novena, de Osman Lins análise da narrativa um ponto no círculo
Tatiana gomes leandro matzenbacher
E-mail e blog: “gêneros textuais” ou veículos de comunicação?
Tiago da Silva Ribeiro
Resenha
gee, james paul. what video games have to teach us about learning and literacy. new york: palgrave macmillan, 2004.

Carla Viana Coscarelli
Resenha
waters, lindsay. inimigos da esperança. publicar, perecer e o eclipse da erudição. trad. luiz henrique de araújo dutra. são paulo: unesp, 2006. 96p.
Pesquisando com o inimigo

Ana Elisa Ribeiro

sábado, janeiro 10, 2009

Viabilidade de projetos web (em tempos de crise) - Links

Nos últimos dias me chamaram a atenção várias discussões sobre modelos de negócios para publicações impressas e digitais. Não é uma conversa nova, sabemos, mas acho que ganha um tempero especial no início de um ano que é certo o agravamento da crise financeira.

Seguem alguns links:

Ohmynews International anunciou que vai enxugar o modelo de remuneração dos repórteres-cidadão: passam a receber pagamentos apenas a matéria que mais gerar "buzz" durante o mês e outras duas escolhidas pelos editores (antes, todos os autores destacados na home recebiam uma contribuição simbólica). Para a Ana e o Rafael, no De Repente e Libellus, a mudança não deve impactar diretamente o processo de colaboração, que é motivado por razões não-econômicas.

Na contramão da crise, a Wikimedia Foundation conseguiu arrecadar, de mais de 125 mil doadores, os 6 milhões de dólares necessários para o funcionamento do primeiro semestre de 2009. A campanha ganhou fôlego após um apelo pessoal do fundador, Jimmy Wales. Para fontes da matéria Wikipedia's Fundraising Miracle, trata-se de uma situação alavancada pela crise e pela eleição de Obama, que alertaram as pessoas para a necessidade de ajudar e assumir projetos que consideram realmente importantes.

Como afirmou o Paulo Querido, "trata-se, provavelmente, da maior acção de crowdfunding jamais realizada". Crowdfunding, segundo a página "oficial" do termo (que teria sido expulso da Wikipedia), é um modelo de financiamento baseado na organização coletiva e em rede de interessados no projeto. Seus impactos no jornalismo são discutidos no texto Can Crowdfunding Help Save the Journalism Business?, que encontrei na reflexão do Trasel sobre o futuro do ... jornalismo.

Desde Portugal, Miguel Caetano propõe um novo modelo de negócios para o Remixtures, um dos melhores blogs sobre indústria da música e novas tecnologias. O conteúdo do blog continua sendo, claro, gratuito, mas artigos originais, em português ou inglês, a serem encomendados para diversos fins, passam a ter preço tabelado. Proposta ousada e polêmica (não deixe de ler os comentários), mas bem interessante.

E, claro, continua-se discutindo o fim do jornal impresso, o enxugamento das redações, a migração para o digital etc. Dois textos interessantes:

The economics of moving from print to online: lose one hundred, get back eight | Monday Note

End Times - Can America’s paper of record survive the death of newsprint? Can journalism?

domingo, janeiro 04, 2009

Morto ou não? Boatos na Wikipedia, twitter e jornalismo

2008 terminou com mais uma mini-polêmica em torno da Wikipédia: no dia 28 de dezembro a versão em inglês foi atualizada com a informação da morte do ator Paul Reiser. Pouco conhecido noBrasil (sua atuação mais marcante foi na série Mad About You, nos anos 90), Reiser teria morrido no Rio Squallahasse, onde praticava “fly fishing”.

Fiz pesquisas sobre a publicação (e apagamento) da informação na Wikipédia, a discussão em sobre a veracidade ou não no Twitter e a repercussão em sites noticiosos. Valem alguns comentários:

- A primeira informação na Wikipédia sobre a suposta morte foi a inclusão da data de falecimento (12/27/2008) no infobox do artigo sobre Paul Raiser. A data foi retirada dois minutos depois; em quatro minutos acrescentaram-se informações sobre o acidente fatal e, em menos de um minuto, a frase foi retirada.

Sucede-se então uma guerra com mais de trinta edições entre 27 de dezembro e 02 de janeiro, quase sempre com usuários não cadastrados (identificados pelos IPs 206.53.144.121 e 68.40.80.155, entre outros) acrescentando dados da morte para, em seguida, serem desmentidos por outros, cadastrados ou não.

Entre mudanças do tipo “was an actor” e “is an actor”, destacaram-se dois comentários, no meio do artigo, defendendo a sobrevivência do autor: “paul reiser is alive!!!” e “I spoke to Paul Reiser today and he say he's not dead yet (…)”. Foram devidamente apagados nas edições seguintes.

Surpreende aqui que nenhum administrador tenha restriguido a edição dos artigos, por exemplo impedindo a edição por usuários não-cadastrados.

- Aparentemente o primeiro noticioso online a reportar a “barriga” foi o site de entretenimento EOnline, com a nota Paul Reiser Rises From Wikipedia Death, publicada no dia 31/12 e pouco depois reproduzida no Yahoo! News.

O tom, como sempre, é ironia e questionamento à confiabilidade da enciclopédia wiki. Sequer há resultados no Google para "Squallahassee River", criticou a matéria da EOnline e do Huffington Post. Mais um rumor da "gossipsphere" (algo como fofocosfera), disse um repórter do Post Chronicle, para em seguir decretar, em negrito: Wikipedia is not a credible source people.

Também chama a atenção do desconhecimento de como um wiki e a Wikipédia operam. Segundo o texto da EOnline,
It's unclear exactly when the entry was tinkered with or how long it had been up, but less than two hours after it made for blogosphere fodder, the offending passage, along with the actor's supposed date of death, was removed.
Isto é, o repórter desconhece o recurso Histórico da ferramenta wiki, que vem a ser um dos grandes mecanismos de transparência (e, por que não, segurança) para sites tão abertos quanto a Wikipédia.

- Antes do canal do Eonline no Twitter replicar a nota publicada no site, a informação já circulava na twitosfera (que talvez tenha sido a fonte para a nota jornalística, já as reversões na Wikipédia em geral não tardaram).

Aparentemente o usuário snakeproof foi o primeiro a disseminar a informação no Twitter. Coincidência ou não, seus updates estão protegidos, mas há ocorrência de respostas a um tweet seu. Sidebeer escreveu no dia 27/12, "dia da morte" de Paul Reiser:
@snakeproof I'm almost certain Paul reise r is alive.

Pouco depois, BenMarvin anunciou ter editado o artigo na Wikipédia:

@snakeproof I just edited Paul Reiser's Wikipedia article to let the worl d know he's dead

O comportamento deste usuário mostra a força que um boato pode ganhar através das redes sociais, não importando a falta de informações concretas para confirmá-lo. Já no dia 31, alheio às informações ao contrário, escreveu:
Absolutely nothing around me indicates that Paul Reiser is still alive. I will continue to edit Wikipedia.
Como assim nada indica que o ator está vivo?

Havia alguma prova de que estaria morto??

2009 promete muitas guerras de informação...

Post relacionado: Sobre abarriga do IReport: quem, afinal, vai fazer jornalismo?