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segunda-feira, março 31, 2008

Falta moderação ao site da Veja, diz Nassif

No embalo do post de ontem, onde comento a iniciativa da CNN de lançar um site que questiona a necessidade de uma mediação jornalística, vale ler a opinião de Luis Nassif sobre o jornalismo praticado nos sites da editora e, em especial, da Veja. O catalizador é Reinaldinho Azevedo, o inimigo número da blogosfera política brasileira.

Um trecho:

Esse é o padrão de jornalismo digital da Veja, que a Abril não tratou de moderar até hoje. A Editora continua sem rumo, sem controle sobre sua principal publicação, permitindo que as páginas do seu portal sejam invadidas por um padrão que não se encontra nem em regiões de baixo meretrício.

Com a Internet, a Abril se expõe perante o mundo. Qualquer cidadão, de qualquer parte, que quiser analisar a Veja, terá à sua disposição arquivos do mais fétido jornalismo.

domingo, março 30, 2008

CNN: fim da mediação jornalística?

Motivado pelo artigo Behind CNN's New Citizen Media Site, do Poynter Institute, resolvi enfim dar uma olhada mais cuidadosa na recente iniciativa de user generated content da CNN, o IReport.

Sem edição e sem filtro, como proclama seu slogan, funciona como um YouTube da emissora de TV. Os vídeos mais importantes e destacados são veiculados na programação tradicional e ganham no site a tarja "On CNN".

Interessante observar que a emissora não vincula sua marca diretamente ao site de UGC, por exemplo através do tradicional menu superior de navegação.

O que mais me chamou a atenção, no entanto, foi o texto que justifica a abertura do site a publicações sem moderação jornalística (na versão anterior, apenas o conteúdo aprovado - cerca de 10% - era liberado para o público). Ainda que seja tanto publicitário, o texto representa uma ousada tomada de posição por parte da rede de TV mais poderosa do planeta. É quase um manifesto.

Fiz uma livre tradução do texto, abaixo:

E se nós voltássemos este site para você?

E se permitissemos as pessoas publicarem vídeos brutos e contarem histórias que você nunca veria na CNN?

E se tudo isso tivesse um discurso politicamente incorreto?

E se não nos preocupássemos se as histórias estão equilibradas?

E se, ao invés de nós confirmarmos todas as nuances, confiássemos em você para determinar a acuidade (ou não) de uma informação?

E se criássemos um site onde a comunidade - e não a CNN - se tornasse o "O Nome Mais Confiável das Notícias?"

Assim, nós desenvolvemos o IReport.com. Não brinque conosco. Este conteúdo não é vetado ou lido anteriormente pela CNN. É sua plataforma. Em alguns meios jornalísticos, isto é considerado perturbador, até mesmo controverso! Mas nós sabemos que o mundo das notícias está mudando. Nós sabemos que mesmo aqui na CNN nós não podemos estar em todos os lugares, todo o tempo seguindo todas as histórias que importam a você. Assim, te demos o IReport.com. Você vai programá-lo, vai policiá-lo; você vai decidir o que é importante, o que é interessante, o que é notícia.

quinta-feira, março 20, 2008

Cães, Obama e as páginas mais visitadas da Wikipédia

A Letícia deu a dica e fui lá conferir: Wikipedia article traffic statistics mostra, mês a mês (desde dezembro de 2007), o volume de acessos de uma página da Wikipédia em várias línguas (português inclusive) e quais foram as páginas mais visitadas na versão em inglês. O responsável pela página é o wikipedista sueco Henrik.

Em fevereiro, o artigo de Barack Obama aparece em sexto lugar, com 2.253.851 exibições. Se desconsiderarmos páginas de serviço, como busca, página principal, página aleatória etc, o pré-candidato democrata é o tema mais visitado do mês.

O artigo sobre o republicado John McCain aparece em 10º lugar, com 1.250.044 exibições. Está atrás das páginas sobre o Dia dos Namorados, sobre a própria Wikipédia e sobre reprodução canina (!). Hillary Clinton está em 82º, com menos de 500 mil visitas.

A página sobre a vida íntima dos melhores amigos do homem, por sinal, é um caso curioso. Segundo o gráfico (abaixo), teria saído de uma visitação medíocre para picos de audiência entre os dias 19 e 29 de fevereiro. Neste período, superou de longe os acessos de Obama.

Se tiver uma pista do motivo, por favor deixe um comentário!

RSS no Estado de Minas

O caderno de Informática do jornal Estado de Minas traz hoje uma matéria sobre o uso do RSS, assim como os impactos deste modelo de distribuição de informações para usuários e empresas.

Fui uma das fontes entrevistadas pelo jornalista Marcelo Portela e, como a matéria está disponível apenas para assinantes (o que seria mais anti-RSS do que isso?), reproduzo um trecho abaixo:
A profusão de fontes de informações na internet pode deixar qualquer um no mínimo desorientado. Com milhares de portais de notícias, blogs, podcasts, vídeos e curiosidades no ar, quem quiser verificar as atualizações de cada página pode passar o dia inteiro em frente à tela visitando os sites e consultando uma lista de favoritos do tamanho de um catálogo telefônico. Com alguns cliques do mouse para o cadastro de páginas em um agregador de notícias, no entanto, o usuário tem como evitar uma tremenda perda de tempo e, de quebra, personalizar sua navegação na web.

Em seu livro A vida digital, um dos fundadores do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Nicholas Negroponte dedica o capítulo “Horário nobre é o meu” a mostrar como o sistema de televisão tende a ficar mais flexível, com a possibilidade de o telespectador escolher a hora em que quer ver seu programa preferido. Muito mais do que a TV, no entanto, os feeds – como são chamadas as informações que alimentam os agregadores – permitem que o usuário controle toda a sua navegação. “A personalização dentro da rede não é uma tendência. É uma realidade. A pessoa pode selecionar o que lhe interessa sem precisar conferir toda hora se há algo novo”, observa o professor da PUC-Minas Caio César Giannini Oliveira, especializado em novas mídias e produção digital.

Adepto dos feeds desde 2005, o professor ressalta que, por reunir em um só lugar todas as páginas de preferência do internauta, os agregadores ajudam a poupar um tempo cada vez mais precioso. “Os leitores de feeds são uma ferramenta útil para qualquer pessoa, mas principalmente para quem depende da internet para o trabalho ou alguma pesquisa, porque permitem acesso a muito mais informações sem que a pessoa precise visitar vários lugares”, afirma.

Diversão E não é só em relação a notícias que os feeds podem agilizar a navegação. Cada vez mais, a internet também é usada como fonte de entretenimento. Vídeos, fotos, músicas, podcasts, sites de humor. Praticamente todos os portais de diversão que são sucesso de audiência entre internautas, como YouTube, Flickr, Google Vídeos, My Spaces e diversos outros, também oferecem o serviço de RSS para que o usuário fique por dentro das atualizações.

Além deles, os blogs são outros que adotaram definitivamente o serviço de RSS, que permitem que os internautas acompanhem cada novo post. Esse processo, inclusive, faz parte da aulas de novas mídias do professor Carlos d’Andréa, da UNA. “Os alunos têm que criar um blog e eu acompanho o trabalho por meio dos feeds. Eles também permitem que os estudantes acompanhem a produção dos colegas”, diz.

Usuário visceral de RSS há três anos, Carlos d’Andréa conta que trocou as newsletters que recebia no leitor de e-mails pelos feeds e agora tenta mostrar aos alunos as vantagens do serviço, em vez de consultas aleatórias à rede. “Estamos em uma ditadura dos mecanismos de busca, mas eles são um buraco negro e nem todos sabem fazer uma pesquisa mais restritiva. O RSS é a solução para isso, porque a pessoa usa os feeds das fontes de informação dos temas que interessam”, afirma. Mas ele ressalta que também é preciso cuidado para a navegação não ficar muito restrita. “Com os feeds, a pessoa pode montar um portal próprio, com todos os sites que a interessam, mas isso não é o ideal. Não se pode fechar demais a busca por informações”, conclui.

Atualização às 16h15: a charge acima resume o lado obscuro dos RSS: sempre haverá mais feeds para ser lidos do que tempo para visitá-los. Encontrei no Tá Postado

segunda-feira, março 17, 2008

Wiki Links

Alguns links acessados nos últimos dias sobre apropriações da ferramenta wiki:

1) Gerry McKiernan, no blog Scholarship2.0, faz uma compilação de dicas para uso da Wikipédia como exercício na sala de aula. Entre as práticas indicadas para cultivar o gosto pela ferramenta, há possibilidade de linkar artigos órfãos com páginas correlatas, traduzir artigos para outros idiomas ou, é claro, editar artigos considerados incompletos. Muito interessante.

2) Uma matéria da revista Scientific American (Science 2.0: Great New Tool, or Great Risk?) discute os impactos das práticas e softwares de mídia social sobre a produção e divulgação científica. Um dos grandes exemplos é o wiki OpenWetWare, que reúne milhares de pesquisadores da área biológica.

Uma das opiniões mais interessantes sobre a Ciência 2.0 vem do editor do site de pesquisa médica PLoS ONE, Christopher Surridge. Ele defende as novas práticas dizendo que "a ciência não existe só porque as pessoas estão fazendo experimentos, mas porque estão discutindo sobre eles". Em outro trecho, sentencia: "web 2.o adequa-se perfeitamente ao funcionamento da ciência. A questão não é se a transição vai acontecer, e sim qual sua velocidade".

Adequando-se ao tema, M. Mitchell Waldrop, autor do artigo on-line da SciAm, logo na abertura convoca os leitores a opinar sobre a versão 1.0 elaborada por ele. Os comentários, diz, serão considerados na versão impressa do texto, prevista para os próximos meses.

3) Enquanto isso, Jimmy Wales é o foco de um artigo do NYT , que o acusa, entre outras coisas, de:
- editar a página na Wikipédia sobre uma comentarista de TV com a qual teve um romance;
- gastar de forma abusiva o dinheiro doado para a Wikipédia;
- estar muito próximo de empresas de capital de risco e milionários como George Soros.

Aparentemente tranquilo, ele segue confirmando o caráter não-lucrativo da Wikimedia Foundation (mas não nega o affair e a edição do artigo sobre a moça).

Acesse: Open-Source Troubles in Wiki World ou a versão traduzida sem links.

Do mesmo autor, Noam Cohen, vale ainda ler o artigo Start Writing the Eulogies for Print Encyclopedias, em que relata o esforço das enciclopédias tradicionais para sobreviver nesses tempos colaborativos.

Dica inicial da Daniela Bertocchi.

quarta-feira, março 12, 2008

(BH) Palestra Identidades em Chats


Nesta quinta, dia 13/03, o professor Júlio César Araújo (UFC) ministra a palestra
Aspectos Lúcidos na Construção de Identidades em Chats: uma análise etnográfica.

Doutor em Linguística, é organizador do livro
Internet & Ensino — Novos Gêneros, Outros Desafios.

O evento acontece na sala 3005 da Faculdade de Letras da UFMG (campus Pampulha), às 9h.


terça-feira, março 11, 2008

Kotscho e o jornalismo colaborativo

O jornalista Ricardo Kotscho foi o convidado dessa terça, 11/03, no projeto Sempre um papo. Ele veio a BH lançar seu mais recente livro, Uma Vida Nova e Feliz (que embora tenha nome e capa no estilo auto-ajuda, é uma compilação de crônicas publicadas no falecido NoMinimo após sua saída do cargo de secretário de Imprensa e Divulgação do governo Lula).

Já no final da sessão de perguntas, uma dupla de estudantes de jornalismo perguntou o que ele achava do "jornalismo colaborativo".

Surpreso, perguntou "o que é isso?", dividindo a platéia entre risos pela sinceridade e tentativas de explicar a nova tendência.

Ícone de uma geração de repórteres do impresso, estaria assinando um atestado de obsolescência quanto às tendências da mídia?

Logo no início da palestra, no entanto, após demonstrar entusiasmo com as possibilidades da internet, afirmou:
O jornalista perdeu aquela pose de autoridade, tomou uma lição de humildade. Tem agora um novo papel: selecionar, organizar, dar sentido à quantidade de informações publicadas.
Kotscho pode nunca ter ouvido falar de jornalismo colaborativo, mas já pegou o espírito da coisa.

Como seria bacana vê-lo num projeto 2.o...

quarta-feira, março 05, 2008

(BH) iMastersMinas 2008

O evento é só no dia 17 de maio, sábado, mas reserve deste já a agenda para o iMastersMinas 2008.

Na programação, um dia inteiro de debates, palestras e networking (êta palavrinha desnecessária...).

Será no Minas Centro e as inscrições custam (até 01/05) apenas R$50.

Quem deu a dica foi o Caio Cesar, que será um dos palestrantes.

terça-feira, março 04, 2008

LInks: TV Digital, Edital Periódicos, Edublogosfera, Entrevista, Ódio

Alguns links interessantes, talvez mais para os acadêmicos de plantão.

A Fapemig abre edital (PDF) de apoio financeiro à publicação de periódicos científicos institucionais, impressos ou eletrônicos. Vale, claro, para instituições de ensino e pesquisa sediadas no Estado de Minas Gerais.

Jorge Rocha e Gilberto Pavoni Jr fizeram uma interessante entrevista com o Rogério Christofoletti, do Monitorando.

Já está funcionando uma nova lista de discussão, a edublogosfera, articulada pela Suzana Gutierrez, Sérgio Lima e Lilian Starobinas (cujo blog desconhecia, e gostei). Quem sabe não minimiza meu desânimo crescente com as listas que assino...

O primeiro mestrado em TV digital foi aprovado pela Capes e começa na Unesp em agosto.

Como desdobramento de um trabalho de conclusão de curso, está disponível para download o livro wwwodio, do jornalista Lucas Guedes. Numa primeira navegação pelo PDF, vi que relata casos repugnantes de racismo e ódio na rede e as eventuais medidas judiciais tomadas. Boa iniciativa!