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domingo, março 30, 2008

CNN: fim da mediação jornalística?

Motivado pelo artigo Behind CNN's New Citizen Media Site, do Poynter Institute, resolvi enfim dar uma olhada mais cuidadosa na recente iniciativa de user generated content da CNN, o IReport.

Sem edição e sem filtro, como proclama seu slogan, funciona como um YouTube da emissora de TV. Os vídeos mais importantes e destacados são veiculados na programação tradicional e ganham no site a tarja "On CNN".

Interessante observar que a emissora não vincula sua marca diretamente ao site de UGC, por exemplo através do tradicional menu superior de navegação.

O que mais me chamou a atenção, no entanto, foi o texto que justifica a abertura do site a publicações sem moderação jornalística (na versão anterior, apenas o conteúdo aprovado - cerca de 10% - era liberado para o público). Ainda que seja tanto publicitário, o texto representa uma ousada tomada de posição por parte da rede de TV mais poderosa do planeta. É quase um manifesto.

Fiz uma livre tradução do texto, abaixo:

E se nós voltássemos este site para você?

E se permitissemos as pessoas publicarem vídeos brutos e contarem histórias que você nunca veria na CNN?

E se tudo isso tivesse um discurso politicamente incorreto?

E se não nos preocupássemos se as histórias estão equilibradas?

E se, ao invés de nós confirmarmos todas as nuances, confiássemos em você para determinar a acuidade (ou não) de uma informação?

E se criássemos um site onde a comunidade - e não a CNN - se tornasse o "O Nome Mais Confiável das Notícias?"

Assim, nós desenvolvemos o IReport.com. Não brinque conosco. Este conteúdo não é vetado ou lido anteriormente pela CNN. É sua plataforma. Em alguns meios jornalísticos, isto é considerado perturbador, até mesmo controverso! Mas nós sabemos que o mundo das notícias está mudando. Nós sabemos que mesmo aqui na CNN nós não podemos estar em todos os lugares, todo o tempo seguindo todas as histórias que importam a você. Assim, te demos o IReport.com. Você vai programá-lo, vai policiá-lo; você vai decidir o que é importante, o que é interessante, o que é notícia.

25 comentários:

Ana Brambilla disse...

Oi Carlos. Só agora vi esse post e tô PASMA com essa atitude da CNN. Pasma e feliz, já que finalmente uma grande empresa de mídia tradicional mergulha no espírito da rede e assume o risco de uma experiência de verdade.

Com a tua licença, preciso comentar no Libellus também... ^.^

abração!

Carlos d'Andréa disse...

Oi, Ana, esta iniciativa da CNN é confusa e fascinante! Mais do que apostar no poder das comunidades virtuais, eles parecem questionar o modelo de mediação feita pelos jornalistas. Radical até para o jornalismo participativo, não? Como disse, acho o texto meio panfletário, mas sintomático.

Anônimo disse...

Acho que o fundamento jornalístico pode se perder. Afinal, não trabalhamos para dizer a verdade, o que é certo ou o que deve ser feito, mas para reportar o que têm a dizer as principais vertentes e, com isso, plantar a semente na cabeça do leitor. Qual um hormônio, sabe? Um hormônio que estimula o processo social do público atingido. Ser jornalista não é decidir o que é notícia e ´cuspir´. Isso é um pedaço do nosso trabalho. Agora, vendo pelo lado bom, acho que vou abrir uma clínica...
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Um abraço!

Carlos d'Andréa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos d'Andréa disse...

Márcio, acho que a CNN, em última instância, está propondo uma revisão de alguns fundamentos jornalísticos. Não sei se entendi sua metáfora do hormônio, mas concordo que um papel do jornalista é estimular alguns debates na sociedade. Isso não se perderia, pelo contrário, seria ampliado! Abs, Carlos

Unknown disse...

Prezado Carlos, sou jornalista e professor da disciplina Redação Jornalística IV (Internet) do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Estácio. Levei este post para discussão na sala e passei uma atividade prática: comentar a notícia em seu blog. O Marcus é um de meus alunos. Você deve receber outros. Parabéns pelo trabalho. Um abraço!!!
Fernando Torres

Carlos d'Andréa disse...

Olá, Fernando, obrigado pela indicação. Também sou professor de Jol e hoje devo repercutir este tema com os meus alunos. Será ótimo receber os comentários e conversar com a sua turma. Estou à disposição por aqui. Abraço, Carlos

Anônimo disse...

É impressionante o que a CNN está fazendo. Esse IReport veio trazer prejuízos para as atividades jornalísticas. Eu concordo com a interatividade no jornalismo, mas não aceito essa interação sem nenhuma mediação. Essa atitude diminui a própria atividade jornalística e traz muitos malefícios. Espero que os profissionais da CNN mudem de opinião, caso contrário, no futuro eles podem estar sem empregos por causa desta idéia absurda.

Dayse Guimarães

Anônimo disse...

Apesar do inevitável que é isso que esta acontecendo com a rede CNN não podemos deixar que barateiem nossa profissão, não existe um conteúdo qualificado se a pessoa não tem um embasamento teórico. Infelizmente estamos vivendo uma modernização das mídias, e o ocorrido na CNN faz parte dessa modernização, onde os reporteres formados terão que buscar o conteudo através do que lhes é enviado pelo receptor. Apesar de eu não concordar com o que a CNN está fazendo, transformando o receptor em emissor sem que seja avaliado como está sendo transitido essa mensagem, eu acredito que um dia essa grande rede de televisão jornalistica veja o erro que está cometendo.

Carlos d'Andréa disse...

Oi, Dayse, a decisão é da empresa CNN, e não necessariamente dos profissionais que lá trabalham. Pode ter certeza que os empresários não colocarão a reputação em jogo, qualquer mudança será planejada. Marcelo, será que esta "modernização" é necessariamente um barateamento da "profissão"?

Estudantes, haverá motivo pra tanto medo? Vocês estão começando a carreira, que tal não repetir as lamúrias e os vícios dos "velhos" jornalistas??

Abs, Carlos

Anônimo disse...

Finalmente a CNN uma grande emp´resa jornalística abre as portas para o jornalismo colaborativo. Essa atitute não diminui o mercado de trabalho. O jornalista se torna um mediador. O mundo é muito grande. O jornalista e as empresas jornalistícas não podem estar em todos os locais ao mesmo tempo. Com isso o público tem um papel que tinham antigamente. Eles somente sugeriam a pauta. Agora eles produzem, mas para que vá para o ar deve ser editado por jornalistas da empresa, visando manter a credibilidade da mesma.

Unknown disse...

É isso aí, Carlos. Turma, não é preciso temer tanto. As novas formas de Jornalismo nos trazem a necessidade de reformulação. Vocês têm capacidade. O caminho não é combater esta iniciativa. Mesmo tendo opinião contrária, devemos aproveitar e aplicar estas ferramentas em prol de um produto jornalístico melhor. Ressaltando o dito em sala de aula: atualmente, é impossível pensar comunicação sem colaboração do público. Bola para frente!!!

Anônimo disse...

Eu acho interessante isso! Inclusive já fiz colaborações sem sequer ter pensado na idéia de fazer jornalismo algum dia. Me sentia orgulhosa por gostarem dos textos que eu escrevia.
Hoje em dia estou do outro lado, me formando, mas não temo nada. Talvez porque eu confie no meu taco, talvez porque eu acredite que só passará na escolha o que realmente tiver qualidade. Essa é a diferença!
Abraços,
Renata Devecchi
Estudante de Jornalismo UNESA

Laura Machado disse...

Acho que a CNN colocou em jogo a sua credibilidade com essa iniciativa. No entanto, somente com o tempo poderemos saber se acertaram ou não, pois usuários podem usar a liberdade dada para colocar conteúdos impróprios, por exemplo, pornográficos ou inventarem histórias como verdadeiras.
E outros usuários podem repercutir o assunto como verdade usando o nome da CNN.
Mas a participação é vital para a sobrevivência dos veículos, principalmente os on lines. Afinal com a velocidade da informação atualmente é impossível estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e usando o recurso do "eu-reporter" se garante uma novidade sempre.
Laura Machado - Aluna do Fernando na turma de red 4 Rebouças

Anônimo disse...

Sou radicalmente contra a liberação de notícias em sites do gênero, sem antes que haja uma apuração detalhada. Digo isto, até porque sou responsável do site www.obatuque.com e nele administro uma ferramenta chamada "Deixa Que Eu Digo" (espécie de Fala, Leitor) onde as pessoas enviam um assuntos relacionados ao samba. Caso o assunto seja agressivo, não publico. E caso seja uma suposta notícia, assim mesmo teria que confirmar com as fontes. Noutro dia, um internauta de confiança me mandou um furo sobre sua contratação perante uma escola de samba. Resultado: recebi diversos telefonemas da escola dizendo que era uma tremenda barriga. Imaginem se fosse liberadas as postagens? Em protesto, procuro ler as notícias em sites de empresas tradicionais.

Wellington - aluno da Estácio de Sá

Anônimo disse...

ESTÁ MUITO CEDO PARA AVALIAR SE ESTA INICIATIVA É CERTA OU ERRADA.MAS ACREDITO TODA INICIATIVA QUE ESTIMULE AS PESSOAS A SE EXPRESSAR É VALIDA.EM RELAÇÃO A APURAÇÃO DETALHADA OU NÃO , PENSO QUE TAMBÉM É IMPORTANTE NUNCA ACEITARMOS A INFORMAÇÃO NOS DADA SEM UMA PESQUISA A MAIS, UM INTERESSE E QUESTIONAMENTOS SOBRE O QUE RECEBEMOS COMO INFORMAÇÃO.
CLARTA CARVALHO, ALUNA DE REDAÇÃO 4-NOITE

Anônimo disse...

Diante de muitas informações que são publicadas hoje, acredito que o leitor deva ter seu espaço para colocar sua opinião e questionar seus interesses. Mas aceitar informações, notícias, imagens sem saber sua origem, acho extremamente perigoso. Temos grandes jornalistas que devem continuar fazendo este trabalho.

Jaqueline Vellasco - Aluna Estácio Redação IV

Anônimo disse...

A iniciativa da CNN é bastante atraente! Ainda é cedo para avaliar se isso dará certo ou não, pois ao mesmo tempo que a equipe quer manter uma maior interatividade com o leitor, essa iniciativa pode acabar trazendo prejuízos. Como por exemplo, alguém pode publicar uma notícia que não seja verdadeira, pode usar o site para expor coisas não adequadas. Mesmo assim, ainda acredito que os textos deveriam passar por alguma revisão de um profissional da CNN.

Bruna de Souza - Aluna de Redação IV - Campus Rebouças (Noite) - Fernando Torres

Anônimo disse...

Mais uma vez percebemos o descaso com aqueles que passam anos na faculdade para aprender algo que a própria imprensa banaliza. É fato que devemos nos acostumar com essa nova forma de atrair o internauta, Por outro lado é vale a dica para que possamos nos preparar ainda mais para não sermos engolidos ou "deletados" por esses modismos.
Carla Tavares - aluna de Redação IV - Fernando Torres.

Mimi Land's disse...

É uma questão muito delicada. somente o tempo poderá dizer onde vamos chegar. Quase todos nós, de alguma maneira já fomos colaboradores de matérias jornalícas, principalmente no jornalismo on line. Entretanto o caso aqui é como será feita a moderação desse site. Há de se ter um controle das publicações, ou então a coisa toda vira uma bagunça.
Não sou contra qualquer um ter o direito de relatar algo que viu ou ouviu. Isso não nos levará a extinção do jornalismo.

Anônimo disse...

Acredito que com o avanço dos novos tipos de mídia é natural uma mudança na maneira de produzir e atrair leitores. Dessa forma, a proposta da CNN vai de encontro ao propósito da interação, de fazer as pessoas fazerem parte do contexto e das notícias. Porém seria importante existir sim algum tipo de mediação, caso contrário muita coisa mal apurada, notícias sem nexo, calúnias e mentiras poderão ser vistas por todos.Além de gerar má informação, pode render processos. Concordo em promover a interação, mas sem destruir e difamar o conceito de notícia e a profissão do jornalista.

Karini lima -aluna do Fernando-Rebouças/noite

Anônimo disse...

A idéia de novos conceitos de jornalismo na internet é realmente irresistível. Espero que as pessoas não comecem a publicar avisos de atentados aéreos ou em escolas nos EUA. Mas por outro lado, grandes matérias podem surgir da interação das pessoas. Basta esperar e observar.

Siméia Godoy
aluna jornalismo Estácio de Sá

Anônimo disse...

A idéia é interessante mas eu particularmente não acho agradável. Me parece que desvaloriza em muito o profissional jornalista.

Felipe Passarelli disse...

As novas formas de Jornalismo nos trazem a necessidade de reformulação. Vocês têm capacidade. O caminho não é combater esta iniciativa. Mesmo tendo opinião contrária, devemos aproveitar e aplicar estas ferramentas em prol de um produto jornalístico melhor. Ressaltando o dito em sala de aula: atualmente, é impossível pensar comunicação sem colaboração do público.

Anônimo disse...

A iniciativa em si é boa, mas não podemos deixar de duvidar em tudo o que será publicado. Deveria haver um processo seletivo das notícias, com uma apuração avançada, pois hoje em dia qualquer um pode inventar uma notícia falsa e publicar.

ANITA SILLA