Idelber critica a quantidade de erros encontradas em artigos de diferentes áreas, especialmente das Humanidades. O processo aparentemente democrático seria, no fundo, um ambiente de imposições políticas e ideológicas, que resultariam em duas possibilidades:
A primeira é que o grupo mais forte e organizado imponha sua versão, como no caso dos verbetes sobre o Oriente Médio, que são pouco mais que panfletos em defesa de Israel. A segunda é que as várias versões se neutralizem e se produza um monstrengo, onde um trecho contradiz o seguinte (...) O irritante na Wikipedia é a pretensão de neutralidade, quando está óbvio que alguém ali ganhou uma batalha entre visões parciais, para depois conquistar o direito de se apresentar como versão objetiva.Tudo isso além dos erros técnicos por desconhecimento, corporativismo ou má-fé, claro.
O post foi motivado por outro, publicado no Sitio do Sergio Leo, que não se diz um "crente incondicional da Wikipedia", e sim "um adorador incondicional" do projeto.
Fecho com esta posição: sou um fã incondicional do projeto da Wikipédia, pela possibilidade que ela representa de adotarmos uma nova postura perante as informações que consumimos.
O Biscoito Fino... teve, até o momento, 32 comentários no post citado. A maioria esmagadora limitou-se a criticar o projeto, apontar erros crassos encontrados em algum artigo e/ou exaltar as fontes confiáveis (normalmente, impressas).
O que espera-se num wiki é que, identificado um erro, o visitante ocupe-se de consertá-lo, e não criticá-lo. Ao meu ver, o uso de um site colaborativo está submetido a uma ética que nos fazem co-responsáveis pelo produto em construção. Somos responsáveis inclusive quando somos omissos.
A Wikipédia está dominada por uma burocracia stalinista que dá pouco espaço para um debate democrático? É frequentada por assessores de comunicação corporativa pagos para manter uma boa imagem da sua empresa ou causa? Sofre de um perigoso processo de "juniorização", comandada por sábios de 14, 15, 16 anos de idade? Sim, sim, sim.
Não recomendo aos meus alunos consultas à Wikipédia. Mostro a eles como o projeto funciona (surpresa! decepção! nunca mais acesso! vou vandalizar!) e em seguida coloco-os para atualizar artigos de seu interesse (poucos trabalhos os motivam tanto). Muitos continuam acessando e alguns passam a colaborar. Outros desistem quando vêem suas contribuição apagadas pelos administradores.
A meu ver, devemos armar todos os usuários com "paus e pedras" (isto é, mostrar como um wiki funciona e ensinar a operá-lo) e fazer da Wikipédia uma praça pública em constante guerra civil. Teremos mais sobreviventes do que vítimas.
As mesmas idéias defendo no artigo Ler, escrever, editar, comentar, votar... Os desafios do letramento digital na web 2.0 e nos posts sobre o tema já publicados por aqui.
Recomendo ainda a leitura do [Dicas-L] Wikis: é preciso aprender a ler.
4 comentários:
Opa Carlos d'Andréa!
Compartilho da sua opinião... vivemos uma web de escrita e leitura (web 2.0) e não somente leitura (1.0)... portanto recusar a priori um espaço colaborativo é uma postura, no mínimo, conservadora...
Em princípio, sobre a questão do Prof. Idelber, devemos apontar textos que julgamos corretos, independente da fonte e não jogar num Index a wikipedia por seus problemas e fechar os olhos para as suas virtudes...
Sim e sou um entusiasta da inteligência coletiva e acredito no Projeto da Wikipeida, mesmo reconhecendo que como tudo que é feito por homens precisa sempre ser aperfeiçoado...
A propósito fiquei curioso com a sua metodologia de propor aos alunos colaborarem na wikipedia... se puder e tiver interesse apreciaria uma entrada no seu blogue sobre este pónto
Olá, Carlos!
Fecho com sua opinião tanto em relação ao Biscoito, quanto à posição wikipédica. Vergonha não é usar a wikipédia, é achar erros e não consertar.
Meira, obrigado pela visita!
Sérgio, o exercício com a Wikipédia é um dos vários que passo aos alunos do segundo período do curso de Comunicação. Folksonomia, agregador de rss, wikis, blogs e podcasts são temas e ferramentas trabalhadas simultaneamente no laboratório de informática e conceitualmente em sala. O choque de web2.0 acontece durante dois meses do semestre e tem sido muito proveitoso.
Este ano pretendo aprofundar especialmente nos wikis, até porque a Wikipédia é o objeto de estudo do doutorado que inicio em breve.
Só quem conhece o projeto "por dentro" sabe que metade destas teorias são inócuas. A WP é composta por três castas: a recessiva dos iniciantes/novatos e a dominante dos veteranos/encasquetados. Os primeiros muitas vezes querem consertar os erros, mas a casta dominante não permite, e desfaz as edições sem o mínimo pudor. Por essas e outras, a qualidade vai se deteriorando, deteriorando.... A boa notícia é que a "casta dominante" está diminuindo, pressionada pela inteligência de uma terceira casta (ah, sim... esqueci de citar). Esta terceira casta é de editores veteranos também, mas não comprometidos com cargos, e dotados de uma razoável erudição e postura voltada ao diálogo (sem "dar coices"). Estes sabem que não adianta entrar em confronto direto com a casta dominante, buscando conquistá-la não à força bruta, mas pela inteligência e serenidade..."I have a dream..."
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