Vários blogs irão publicar textos sobre jornalismo online nesta quarta-feira na primeira rodada da Ciranda e, a cada mês, um deles fará uma espécie de guia de leitura: um resumo de cada texto e um link para o endereço onde ele se encontra. É o modelo dos Blogs Carnivals, que por aqui estamos chamando de Ciranda de Textos.
Hoje o guia de leituras está aqui e será atualizado conforme os blogs forem publicando suas colunas sobre o tema. Boa leitura!____
(Este post é um esboço, praticamente um brainstorm individual e publicado ;-). Seria ótimo ouvir considerações dos colegas e leitores da Ciranda de Textos).
Dentre os inúmeros temas que permeiam as discussões sobre Jornalismo On-Line, um chama-me especial atenção nos últimos tempos: o hiperlocalismo. Ao meu ver trata-se de uma variável imprescindível para o jornalismo hoje, e muito pouco discutida e aplicada.
Antes de tudo, o que é o Hiperlocalismo? Quase óbvio começarmos pela Wikipédia, mas, surpreendentemente, o artigo não existe na versão em português. O sistema recomenda o acesso ao artigo Jornalismo de Cidades, o que é sintomático. A versão em inglês nos remete a um artigo sobre Local News.
(Coerentemente com o que já defendi aqui, inaugurei o artigo na enciclopédia lusófona.
Se possível dê uma forcinha lá...)
Recorrendo ao Your Guide to Hyper-Local News, do Media Shift, temos uma definição:
Hyper-local news is the information relevant to small communities or neighborhoods that has been overlooked by traditional news outlets. Thanks to cheap self-publishing and communication online, independent hyper-local news sites have sprung up to serve these communities, while traditional media has tried their own initiatives to cover what they’ve missed.Isto é, refere-se a pequenas comunidades ou vizinhanças, pretende mostrar o que passa à margem da mídia tradicional e é potencializado pela "auto-publicação" facilitada pela internet e outras redes.
Nesta linha, cabem algumas perguntas:
O localismo seria uma característica exclusiva da internet?
Absolutamente. A relevância do jornalismo sempre esteve, ou deveria estar ligada às comunidades para as quais atua. Para dar informações locais, inclusive, o rádio ainda é insuperável.
A internet, pelo contrário, mostra-se primeiramente como um meio global. Se posso acessar informações do Japão, da Malásia, do Subaquistão, não estou mais preso aos fatos (aparentemente banais...) do local onde vivo. Liderada pelas agências de notícias, a globalização e uniformização das informações jornalísticas ganharam mais e mais espaço, potencializadas ainda pela lógica do "tempo real".
Contra tamanha padronização e seguindo a lógica da Cauda Longa, no entanto, é igualmente típico da internet dar suporte para discussões de interesse específico, no caso sobre cidades e bairros quaisquer.
O que as redes digitais, sobretudo a internet, teriam de diferencial para oferecer?
Em primeiro lugar, a conectividade de todos para todos, algo, que, potencializado pela popularização dos equipamentos, permite que o acesso e/ou a publicação de conteúdos aconteça praticamente de qualquer lugar.
Fatos ocorridos num determinado espaço geográfico e que os jornalistas não dão conta de cobrir - porque não deu tempo de chegar, não tiveram acesso ao local ou simplesmente não ficaram sabendo - podem ser registrados por cidadãos armados com câmeras e equipamentos conectados, dando o "start" à construção da notícia pelos veículos noticiosos. Nesta perspectiva, o hiperlocalismo aproxima-se bastante do jornalismo cidadão, ainda que não dependa dele para existir.
Merece especial atenção o prefixo Hiper, muito usado no atual contexto social e tecnológico (hipertexto, hipermídia, hiper-realidade e, porque não, hiperativo). Gosto de considerá-lo com o sentido de "expandido". O Hipertexto seria um "texto expandido", e o hiperlocalismo, um localismo expandido, isto é, que não está preso aos limites da localidade. A discussão pública de interesse local poderia assim ultrapassar os limites geográficos, com um ex-morador de uma cidade, por exemplo, mostrando-se mais ativo nas discussões locais que um atual morador. Esta efetiva apropriação das discussões locais mediadas não eram possíveis na transmissão broadcast de rádio e TV.
Concluindo este esboço, acho que vale pensarmos o hiperlocalismo como uma possibilidade baseada na troca de informações entre pessoas interessadas num determinado espaço e avalancada pela redes que nos conectam permanentemente.
Se o jornalismo será ou não o mediador destas conversas entre as hiperpopulações, não sei.
Espero que sim, até para que os veículos informativos continuem relevantes e abram novas frentes comerciais (a Cauda Longa da publicidade local...).
3 comentários:
nyc.everyblock.com
Esse site "hiperlocal" foi lançado ontem e promete...
Legal, Emerson.
Eles funcionam como um agregador de informações publicadas na web ou, como se auto-denominam, um "filtro geográfico".
Só senti falta mapas, como faz o
http://www.yourstreet.com/.
Obrigado pela dica, abs, Carlos
Olá Carlos!
Obrigada pela mensagem e pode deixar que manterei em dia no blog todas as minhas empreitadas pelo mundo da pesquisa.
abraços e tudo de bom,
Grace
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