A Folha de S. Paulo deu o furo na edição de ontem: Lula escolhe padrão japonês para TV digital foi a manchete principal do jornal, surpreendendo a todos, mesmo os que estão cientes do prazo de decisão prorrogado pelo governo apenas até sexta, 10 de março.
De Londres, Lula nega com um argumento pouco convicente: "Como é que eu já decidi se eu estou aqui?".
O fato é que, apesar de uma crescente pressão da sociedade civil através de manifestos e abaixo-assinado, dificilmente a decisão passa da próxima semana. O padrão a ser adotado deve mesmo ser o japonês, conhecido com ISDB, ainda que os representantes do modelo europeu tenham feito uma intensa campanha nas últimas semanas.
Entre os argumentos, os japoneses teriam oferecido melhores condições de transição do modelo analógico para o digital, o que evitaria uma pressão para que as classes mais pobres tivessem que comprar novos aparelhos em um prazo menor que, digamos, 10 anos (confesso não entendi: quem deveria definir o tempo de transição não seria o governo com as emissoras? O que o padrão escolhido teria a ver com isso?)
Outra vantagem: os decodificadores (set top boxes), que permitiram a exploração de alguns recursos da TV Digital através dos atuais aparelhos, seriam mais baratos - a partir de R$ 200.
Um fator muito importante ainda não foi definido: o investimento no parque tecnológico brasileiro, o que poderia fomentar pesquisas e inovação, resultando em mais patentes e tecnologias nacionais.
Os beneficiados? Em primeiro lugar as TVs abertas, que evitam uma abertura automática do mercado de conteúdo audiovisual a concorrentes de peso ($$), em especial as empresas de telefonia móvel.
Tudo indica que, ao fim, o brasileiro em alguns anos assistirá TV no qualidade muito superior à atual (a lata definição - HDTV - é uma característica importante do ISDB), mas permanecerá limitado o número de canais que transmitidos na rede aberta. Pouco, muito pouco para tantas possibilidades abertas pela convergência tecnológica.
Em breve voltaremos ao assunto.
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