Quem é da área de comunicação em BH já ouviu falar e não pode negar: nos últimos anos o governo de Minas Gerais estaria exercendo forte pressão sobre os veículos da grande imprensa para barrar matérias prejudiciais à imagem do governo e do governador Aécio Neves.
Denúncias de imagens censuradas, boas pautas engavetadas, textos cortados por editores ou donos de jornais são recorrentes em qualquer conversa que envolva dois ou mais profissionais de redação.
Entre insinuações e o medo de represália que evitavam maiores repercussões, o assunto voltou à tona em matéria publicada no domingo 17/08 pelo jornal Folha de S. Paulo. Entre denúncias de maquiagem de contas no "choque de gestão", a reportagem (reproduzida
aqui) cita os abusos de que imprensa local estaria sendo alvo. Não por coincidência, a matéria foi publicada dias antes da sabatina do governador e candidato à reeleição, que defendeu-se lembrando a falta de denúncias também contra a prefeitura de BH, comandada há 12 anos pelo PT.
Citado na FSP, o vídeo Liberdade, Essa Palavra ganhou notoriedade na última semana, após publicaçao no You Tube (parte
1 e
2). Realizado como projeto de conclusão de curso do aluno de jornalismo da UFMG Marcelo Baêta, o documentário traz depoimentos de jornalistas que, em situações tão diferentes como a cobertura de um treino do time do Cruzeiro e a denúncia de uso de drogas no centro de BH, teriam sido vítimas da mão de ferro da equipe do governador.
Surpreende agora a publicação pela equipe de campanha de Aécio de um vídeo resposta (parte
1 e
2), que acusa Liberdade... de ediçao tendenciosa e uso político dos depoimentos, além de explorar a "boa fé dos (jornalistas) que estão começando". No
site oficial, Baêta se defende e apresenta mais informações.
Pergunto:
Algum dia os depoentes do vídeo Liberdade... imaginaram que, independente da edição, suas falas não teriam repercussão política?
O fato de não haver denúncias contra a prefeitura de BH significa que MG é o exemplo de honestidade e transparência polìtica ou que nossos veículos estariam ainda mais intimidados (comprometidos?) com o poder?